Após a repercussão negativa de sua soltura, o motorista de aplicativo, Filipe do Valle Prado , 30 anos, voltou a ser preso na manhã desta segunda-feira (20). A prisão foi decretada pelo juiz da Central de Inquéritos, Valdemir Ferreira Santos .

Filipe é acusado de espancar a namorada durante seis horas dentro de um motel na zona sul de Teresina, no dia 11 de maio deste ano. Ele havia sido preso preventivamente, na sexta-feira (17), mas foi posto em liberdade no dia seguinte por decisão do juiz Antônio Lopes de Oliveira , da Vara Núcleo de Plantão Teresina, com aplicação de medidas cautelares.

Ele foi preso quando iria colocar a tornozeleira eletrônica, na Secretaria de Justiça, para dar início ao cumprimento das medidas impostas.

Delegada Nathália Figueiredo

Segundo a delegada Nathália Figueiredo, responsável pela investigação, o juiz Antônio Lopes de Oliveira extrapolou a sua competência ao conceder liberdade a Filipe. “Na decisão, o juiz estabeleceu que a prisão foi feita com legalidade, porém, na análise dele, a preventiva não era uma medida cabível e que poderia ser substituída por medidas cautelares diversas de prisão. Ocorre que na audiência de custódia cabe apenas a análise da legalidade da prisão e não a análise do mérito da preventiva, que cabe justamente ao juiz que determinou a prisão”, pontuou.

“A vara competente, então, tomou conhecimento dessa decisão da vara plantonista e de imediato determinou novamente a prisão preventiva do Filipe, foi expedida ainda pela manhã e nós demos cumprimento”, continuou a delegada.

Entenda o caso

O motorista de aplicativo, Filipe do Valle Prado, foi preso preventivamente pelo Núcleo de Feminicídio do DHPP, na manhã da última sexta-feira (17), acusado de espancar a namorada dentro de um motel, na zona sul de Teresina. O crime ocorreu no sábado (11), quando a vítima foi agredida por mais de seis horas.

Foto: Brunno Suênio/GP1
Filipe do Valle Prado

Em entrevista ao GP1 , a delegada Nathália Figueiredo , titular do Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), explicou que embora o caso tenha ocorrido no sábado, a família somente procurou a polícia na segunda-feira (13).

Conforme as investigações, vítima e acusado saíram na sexta-feira (10) à noite e tiveram uma discussão já na madrugada de sábado (11). Por conta disso, ela foi embora sozinha e parou em um posto de combustíveis onde consumiu bebida alcoólica.

Já no posto de combustíveis, segundo a delegada, ela recebeu a ligação do namorado, dizendo para ela ir para casa, porque ele estava com o filho dela. Com medo, a vítima resolveu ir até o condomínio onde mora, no Cristo Rei, mas antes de entrar no condomínio as agressões tiveram início. “Então, a vítima se sentiu ameaçada, tendo em vista que eles já tinham tido uma discussão anterior no aniversário e ele era de ficar muito violento quando consumia bebida alcoólica. Então ela voltou para casa com receio de acontecer alguma coisa com o filho. Quando ela chegou, ele já estava esperando na porta do condomínio e antes mesmo de entrar no veículo ela já foi agredida com um soco e depois ele tomou a direção do carro e saiu com a vítima. A gente acredita que ainda dentro do veículo ele deu continuidade às agressões com murros e cotoveladas. Depois disso, ele a levou para um motel localizado no bairro Macaúba, onde continuou realizando as agressões físicas”, explicou a delegada.

Vítima foi espancada durante 6 horas

A delegada Nathália Figueiredo ressaltou que a mulher ficou cerca de seis horas dentro do quarto motel sendo agredida pelo acusado, inclusive, os gritos dela foram ouvidos por funcionários e até clientes do motel, que não fizeram nada. “Eles deram entrada no motel por volta das 8 horas da manhã do sábado e a vítima ficou cerca de seis horas nesse motel sofrendo as agressões. Ela gritava tanto que chamou até mesmo a atenção de funcionários do estabelecimento e de clientes, mas ninguém realizou o acionamento da Polícia Militar. Quando foi por volta das 15 horas, do sábado, um dos familiares recebeu a ligação dele, porque ele não tinha dinheiro para pagar e a vítima não conseguia ter acesso ao aplicativo”, relatou.

Ainda segundo a delegada, a vítima foi tão agredida que ficou com o rosto desfigurado, motivo pelo qual ela não conseguiu ter acesso ao aplicativo no celular. “Hoje, a gente entende que ela não conseguia abrir o aplicativo, porque estava com o rosto desfigurado e ele, sem dinheiro, entrou em contato com um parente que, ao chegar no motel, viu a situação dela, que tinha sido agredida e resolveu levar ela para um hospital particular”, completou Nathália.

Acusado mentiu para o familiar

Ao familiar, Filipe disse que a vítima havia sido agredida em um posto de combustíveis, antes de ter contato com ela, mas não soube responder porque não a levou imediatamente ao hospital. “Ele afirmou que ela já tinha sido agredida antes, lá no posto de combustíveis, e o familiar então disse para eles levarem ela para o hospital, e o questionou porquê dele não a ter levado ao hospital antes. Só que ele não soube responder e eles foram para o hospital", completou a delegada Nathália Figueiredo.

Atendimento no hospital

Já no hospital, a delegada Nathália Figueiredo disse que a família da vítima acionou a Polícia Militar que, mesmo com o acusado presente no local, não o prendeu em flagrante. “Quando a Polícia Militar chegou lá, o autor ainda estava no hospital e não foi realizada a condução dele, mesmo diante da suspeita de violência. A vítima estava desfigurada. Os familiares relataram que os policiais disseram que não fariam a condução porque a vítima não estava em condição de falar e que, já que ela não falou, não iria acontecer a condução”, afirmou.