O delegado Bruno Ursulino, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa ( DHPP ), concedeu entrevista ao GP1 na manhã desta quinta-feira (04), após a prisão de mais um suspeito de envolvimento no duplo homicídio de Alan Carlos Silva Rabelo e Roniel de Souza Deó , ocorrido em dezembro do ano passado. O delegado revelou detalhes da dinâmica do crime e apontou a participação de cada um dos investigados, não descartando a participação de mais uma pessoa no assassinato dos jovens, que foram mortos por engano, após serem confundidos com membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Bruno Ursulino afirmou que o mentor e executor do duplo homicídio é Francisco das Chagas Mendes de Abreu , vulgo “Barriga”, que, segundo o delegado, é membro da facção criminosa Bonde dos 40 e decidiu executar os dois jovens após confundi-los com faccionados do PCC.

Foto: Alef Leão/ GP1
Delegado Bruno Ursulino

“Eles se juntaram, colocaram as duas vítimas em um veículo e levaram até a região do Rodoanel. Lá no Rodoanel, o Barriga efetuou os disparos na nuca das duas vítimas e deixou os corpos jogados lá, com a intenção de, realmente, retirar eles lá da região do residencial Dom Avelar para não atrapalhar o tráfico que o Barriga exerce na região, porque é justamente ele quem coordena todas as ações das bocas de fumo e fica responsável por fazer, tanto a distribuição da droga, como o recolhimento dos valores que são apurados na região”, detalhou Bruno Ursulino.

Jailson Ferreira da Silva, preso nessa quarta-feira (03), declinou a participação de cada um dos comparsas: Francisco das Chagas, o Barriga; João Victor da Silva, vulgo “Negreti”; Antônio Jesus Alves da Silva; Henrique dos Santos Lopes; e Reidiomar Correia Alves de Lima, que empresou a motocicleta usada pelos suspeitos.

Foto: Divulgação/PC-PI
Francisco das Chagas, vulgo Barriga

“A prisão do Jailson nos auxilia, principalmente, a definir a conduta de cada um dos envolvidos. Ele foi o quinto preso nesse crime do duplo homicídio e ele nos relatou confirmando a motivação. Realmente, o Barriga estava de posse do celular das vítimas, já tinha enquadrado elas, apontando arma na sua direção, fez com que eles tirassem a senha do celular e quando viu uma foto deles fazendo um gesto, supostamente, da facção rival, determinou que eles deveriam ser mortos, porque estavam em uma área inimiga”, explicou o delegado.

O delegado do DHPP ressaltou que a autoria do crime está mais do que comprovada. “A gente sabe que o Barriga foi o executor e os outros foram os partícipes no aspecto moral, de ajudar a enquadrar as vítimas, de ajudar a imobilizar as vítimas e de ajudar a transportá-las até o local onde foram exterminadas. E não adianta eles dizerem que não pensavam que a vítima ia ser morta, porque o Barriga estava dizendo que ia matar, estava dizendo a motivação da morte. O Barriga já responde por homicídio e estava de posse de uma arma de fogo. Então, não tem como ele dizer que não tem envolvimento nesse crime”, completou.

Participação de mais pessoas

Questionado se outras pessoas podem ter participado do crime, o delegado Bruno Ursulino não descartou a possibilidade. “Não descartamos. A gente só vai encerrar esse inquérito quando conseguir dissecar ele, e a gente está trabalhando para ver se consegue demonstrar a participação de mais pessoas, no entanto, é necessário a gente agir com cautela e responsabilidade”, concluiu.

Relembre o caso

Foto: Alef Leão/GP1
DHPP no local do crime

Roniel de Souza Deó, 21 anos, e Alan Carlos Silva Rabelo, 24 anos, foram executados a tiros na madrugada do dia 4 de dezembro no povoado São Félix, região do Rodoanel de Teresina, na zona sudeste.

Um caminhoneiro que passava pela rodovia avistou os dois corpos, por volta de 5h da manhã, e levou a informação aos plantonista da Colônia Agrícola Major César, que acionaram a Polícia Militar.

Francisco das Chagas, o Barriga, apontado como mentor e executor do crime, foi preso no dia 16 de dezembro.