A defesa do réu Lucas Marciel Pereira da Silva , acusado de ser articulador do roubo da aeronave do médico e empresário Jacinto Lay , em janeiro deste ano, requisitou à Justiça do Piauí a substituição da preventiva por prisão domiciliar. A alegação da defesa é que a Cadeia Pública de Altos, onde Lucas Marciel está preso, não tem condições para cuidar da saúde do réu.
No dia 30 de outubro, o juiz de Direito Substituto da 5ª Vara Criminal da Comarca de Teresina, Thiago Carvalho Martins , decidiu pela extinção da cautelar de prisão preventiva dos réus Lucas Marciel Pereira da Silva, Jorge Luís de Sousa da Silva, Mykhaell Make Abreu Pereira (que está em liberdade provisória desde junho deste ano), e Charlis Conceição da Silva (que permanece foragido da Justiça do Piauí).
Ainda na decisão, o magistrado pontuou que antes de decidir se concede a substituição da medida cautelar aplicada a Lucas Marciel, a Diretoria da Cadeia Pública de Altos deve informar sobre o estado de saúde do acusado, bem como se o estabelecimento prisional possui condições para sua assistência médica.
"Sobre o pedido de prisão domiciliar do réu Lucas, como requereu o MP, antes da decisão, oficie-se à Diretoria da Cadeia Pública de Altos/PI (CPA) para que informe sobre o atual estado de saúde do requerente, bem como, se o estabelecimento prisional possui condições para sua assistência médica. Deve a resposta ser juntada nos autos principais, onde a demanda será resolvida a partir deste momento", diz o trecho da decisão do juiz Thiago Carvalho Martins.
O Ministério Público do Piauí , por meio do promotor Marcelo de Jesus Monteiro, autor da denúncia, manifestou-se favorável à requisição feita pelo juiz Thiago Carvalho Martins para a Diretoria da Cadeia Pública de Altos.
Após o informe da diretoria da unidade prisional, o promotor deve emitir parecer favorável ou contrário a concessão da substituição da prisão preventiva de Lucas Marciel por prisão domiciliar. Entretanto, o parecer não obriga o juiz a proferir decisão segundo a posição do órgão.
Participação de Lucas Marciel no crime
Segundo a investigação capitaneada pelo Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), Lucas Marciel foi o responsável pela articulação do crime do roubo da aeronave, sendo a pessoa que arregimentou outros integrantes da associação criminosa e que, efetivamente, executou o roubo. Ele está ligado a parte da organização criminosa que executou o roubo no Clube de Ultraleve.
De acordo com o delegado Charles Pessoa, coordenador do DRACO, Lucas Marciel tinha informações privilegiadas da rotina do médico Jacinto Lay porque já trabalhou como motorista pra ele. "Foi ele quem agenciou os outros indivíduos juntamente com o filho do piloto. Ele tinha conhecimento da rotina do empresário porque já tinha sido até motorista do próprio empresário, então, ele se utilizou dessas informações", pontuou Charles Pessoa.
"É um indivíduo extremamente violento e perigoso porque além do envolvimento com o roubo da aeronave e com o tráfico de drogas, ele também tem envolvimento com uma organização criminosa que pratica uma série de roubos de cargas no Piauí e Maranhão", completou o delegado Charles Pessoa.
Grupo que roubou avião do médico Jacinto Lay vira réu
Em decisão no dia 18 de julho, o juiz Raimundo Holland Moura de Queiroz, da 5ª Vara Criminal da Comarca de Teresina, mandou para o banco dos réus 16 integrantes do grupo criminoso responsável pelo roubo da aeronave Cessna do médico neurocirurgião Jacinto Barbosa Lay Chaves.
Foram denunciados: Charlis Conceição da Silva, Maria Angélica Araújo Garcez, Milena Gabriella da Encarnação Vieira e Lucas Marciel Pereira da Silva (organização criminosa, roubo e lavagem de dinheiro); Mykhaell Make Abreu Pereira, Jeferson José Braga Luiz, José Diego Braga Luiz, Izaías Mesquita e Silva, Francinaldo Silva Alves, Francisco das Chagas Silva Nascimento, Jorge Luís de Sousa da Silva e José Helder Carvalho Silva, Lucas Vinícius Pereira do Nascimento, Pedro Teixeira Soares Neto, Thiago Stefany Brito Martins e Vanderson Santos Souza (organização criminosa e roubo).
Mykhaell Make foi solto
Em junho deste ano, o juiz Valdemir Ferreira Santos concedeu liberdade provisória a Mykhaell Make Abreu Pereira, filho do piloto que prestava serviços para o médico Jacinto Lay e tinha a função de repassar informações privilegiadas ao grupo criminoso sobre a rotina do Clube Ultraleve em Teresina. Foram impostas ao réu medidas cautelares, como a proibição de sair de Teresina e o monitoramento por tornozeleira eletrônica.
Divisão de tarefas
Charlis da Conceição Silva, com histórico criminal por tráfico de drogas, é apontado como o líder da organização criminosa responsável pela subtração e adulteração da aeronave CESSNA 206, PT-DQF, com a finalidade de obter vantagem no âmbito de suas atividades criminosas. Charlis determinou o roubo da aeronave e financiou o crime, arcando com a logística e todas as despesas, antes e depois do fato delituoso, mediante movimentação de valores em contas de interpostas pessoas para dificultar o reconhecimento da fonte.
Ele cooptou Lucas Marciel Pereira da Silva e Mykhaell Make Abreu Pereira, além de outros integrantes que foram sendo arregimentados para o cometimento de crimes, em especial o roubo da aeronave.
Em Teresina, Lucas Marciel e Mykhaell Make contaram com auxílio de outros agentes, os quais passaram a integrar o grupo criminoso, tais como Jorge Luís de Sousa da Silva, Izaías Mesquita e Silva, Lucas Vinícius Pereira do Nascimento, Pedro Teixeira Soares Neto, Francisco das Chagas Silva do Nascimento e Thiago Stefany Brito Martins, que atuavam como operacionais da organização.
Milena Gabriella da Encarnação Vieira e Maria Angélica Araújo Garcez participaram ativamente da lavagem de dinheiro da organização criminosa, conforme análises de movimentações financeiras que seguem os autos.
Avião usado por cartel boliviano
Após o avião ter sido roubado em Teresina, no dia 14 de janeiro, a aeronave foi localizada pela Polícia Civil do Piauí no estado do Mato Grosso no dia 23 de janeiro deste ano. O monitoramento realizado pelos setores de inteligência informou que o avião fez um pouso forçado por falta de combustível. Um levantamento feito pela polícia indicou que o avião monomotor do médico Jacinto Lay estava sendo usado por um cartel boliviano para o tráfico de drogas.
Percurso do avião após ser roubado de Teresina
Após o avião ter sido roubado em Teresina, a aeronave fez um pouso em Paço Lumiar, no estado do Maranhão, onde passou por um processo de adulteração. Por lá, os funcionários do aeroporto do município auxiliaram na modificação da cor do avião e a capacidade de autonomia de combustível. Já no dia 22 de janeiro, os criminosos saíram do estado do Maranhão, com a intenção de pousar na zona rural de Juara, no estado do Mato Grosso, antes de chegar na Bolívia, mas foi necessário fazer um pouso forçado, em função de um pane seca, o que possibilitou que o avião fosse localizado no dia 23 de janeiro, a 80km da sede do município de Juara-MT.