O Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa paulista, tem expandido suas operações para a Europa, com infiltração em presídios de países como Portugal e Espanha. De acordo com investigações, a presença do PCC nessas penitenciárias foi detectada há pelo menos dois anos e segue sendo monitorada pelas autoridades. A facção, que desde sua origem no Brasil controla o tráfico de drogas, agora busca fortalecer sua rede internacional, principalmente devido à crescente demanda por cocaína na Europa.
A estratégia do PCC para expandir seus tentáculos no continente é similar ao modelo adotado no Brasil desde os anos 1990: o recrutamento de novos membros dentro das prisões. Nos presídios europeus, a facção tem conseguido "batizar" detentos locais, o que permite que, ao serem libertados, continuem a atuar em nome do grupo nas ruas. Além disso, a facção oferece benefícios como proteção e apoio financeiro às famílias dos envolvidos, fortalecendo seu poder de atração. Esse movimento foi intensificado após a pandemia, com novos relatos sobre a infiltração do PCC nas cadeias de ambos os países.
A expansão do PCC para a Europa tem também um impacto direto no tráfico internacional de drogas. Segundo estimativas do Ministério Público de São Paulo, a facção e seus parceiros movimentam cerca de R$ 10 bilhões por ano com o envio de cocaína para o continente, principalmente através do Porto de Santos, no litoral paulista. No último mês de outubro, a Receita Federal apreendeu 1,2 tonelada de cocaína em contêineres no Porto de Santos, com destino ao Porto de Málaga, na Espanha. Esse tipo de operação demonstra como o PCC tem consolidado sua presença no mercado de drogas europeu.
Além de Portugal e Espanha, o PCC tem estabelecido parcerias com outras organizações criminosas internacionais, como a máfia italiana 'Ndrangheta e grupos de traficantes da Colômbia, Venezuela e Sérvia. A associação com essas redes facilita a logística do tráfico, permitindo que os criminosos europeus acessem as rotas de distribuição de drogas da América do Sul de forma mais eficiente e segura. Antes da presença do PCC, traficantes europeus precisavam viajar até a América Latina para negociar diretamente com fornecedores de cocaína. Agora, com a facção instalada na Europa, essa dinâmica se tornou mais ágil e menos arriscada.
A internacionalização do PCC tem gerado preocupação em diversos países. Nos Estados Unidos, por exemplo, o governo tem monitorado a expansão da facção, temendo sua infiltração no território norte-americano. Em 2022, o presidente Joe Biden assinou uma ordem executiva para combater organizações criminosas transnacionais, incluindo o PCC, que foi incluído em uma lista de grupos-alvo de sanções. Em São Paulo, o Ministério Público e a Polícia Militar também seguem de perto as movimentações da facção, temendo a ampliação de suas atividades no exterior.
Atualmente, estima-se que o PCC tenha membros em pelo menos 23 países, com presença consolidada em nações como Portugal e Espanha. A infiltração nos sistemas prisionais dessas nações é um reflexo do poder crescente do grupo, que já se consolidou como uma das maiores facções criminosas do mundo.
Ver todos os comentários | 0 |