O presidente Lula (PT) viajou, neste domingo (20), para a África do Sul, onde participará da cúpula do Brics, na capital Joanesburgo, entre 22 e 24 de agosto. Antes de embarcar, o líder brasileiro concedeu uma entrevista ao Sunday Times, jornal sul-africano, que foi publicada hoje. Na ocasião, Luiz Inácio lamentou a ausência de Vladimir Putin, presidente da Rússia, que participará da reunião de maneira remota.
Lula disse que gostaria de discutir temas importantes pessoalmente com o líder russo. "O ministro [das Relações Exteriores da Rússia, Serguei] Lavrov é um diplomata muito importante e experiente, mas seria muito importante que a Rússia participasse desse encontro com o seu presidente. Nós vamos discutir importantes temas globais, como a paz e a luta contra a desigualdade, e eu gostaria muito de discuti-los pessoalmente com o presidente Putin", disse o petista à publicação.
Enquanto me encaminho para a 15ª reunião dos BRICS, em Joanesburgo, o companheiro @geraldoalckmin assume mais uma vez à presidência. Serão dias de muito trabalho para fortalecer o nosso bloco, construindo agendas comuns entre os países dos BRICS e buscando ainda mais cooperação… pic.twitter.com/xQMGfOTRSP
— Lula (@LulaOficial) August 20, 2023
O presidente russo participará apenas de maneira online devido a um mandado de prisão por supostos crimes de guerra contra a Ucrânia, expedido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). A África do Sul, signatária do tratado criador do TPI, teria que cumprir a decisão e efetuar a prisão de Putin.
Além da ausência de Putin na cúpula, Lula falou na entrevista sobre os critérios para que novos países façam parte do Brics, tema que vem sendo muito discutido ultimamente. É preciso ter "critério para manter o que uniu o grupo: países em desenvolvimento de diferentes regiões do mundo que não encontraram, nas instituições globais criadas após a guerra, um espaço correspondente e proporcional ao tamanho das suas economias e das suas populações", disse o presidente brasileiro à publicação sul-africana.
Na mesma entrevista ao Sunday Times, Lula defendeu novamente o uso de uma "moeda de referência" no Brics para atenuar a dependência do dólar.
"O mundo não dependia do dólar no tempo do padrão-ouro. Quando o dólar virou a moeda internacional padrão, sem nenhum suporte, todos os países do mundo se tornaram dependentes — nas suas transações internacionais — de um único país", disse Lula. "É por isso que, no Brics, precisamos discutir alternativas como uma moeda de referência — não para substituir as moedas locais, mas para permitir um maior intercâmbio entre países como Brasil e África do Sul sem depender da moeda de um terceiro país", ressaltou o presidente brasileiro.
Além de Lula, participarão da cúpula do Brics os líderes Xi Jinping (China), Narendra Modi (Índia) e Cyril Ramaphosa (África do Sul). Os líderes devem discutir, sobretudo, os planos de expansão do bloco, que é um projeto de longa data impulsionado por Pequim e tem o apoio de Rússia e África do Sul. Brasil e Índia são mais resistentes à ideia, mas, recentemente, ambos os países deram sinais de que podem ceder, a exemplo da fala de Lula sobre os critérios para a entrada de novos países.
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