O ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe foi morto a tiros nesta sexta-feira, 8, em um ataque durante um ato eleitoral em Nara, oeste do Japão. A morte foi confirmada pelo Partido Liberal Democrático (PLD), ao qual pertencia. Abe, 67, foi atingido enquanto discursava antes das eleições parlamentares. Ele ainda foi transportado de avião para um hospital após sofrer uma parada cardiorrespiratória, mas não resistiu.
O suspeito foi identificado como Tetsuya Yamagami, de 41 anos. Ele foi preso por tentativa de homicídio e uma arma de fogo foi confiscada. A rede de TV NHK informou que o suspeito serviu na Força de Autodefesa Marítima por três anos na década de 2000.
Conforme o jornal The New York Times, a Agência Japonesa de Gerenciamento de Incêndios e Desastres confirmou que o ex-primeiro-ministro sofreu um ferimento de bala no pescoço e no peito.
A emissora transmitiu cenas em que Abe é visto desmaiado na rua e sendo socorrido por seguranças do local.
Second video shows the attempted assassination of former Japanese Prime Minister Shinzo Abe
— BNO News (@BNONews) July 8, 2022
NOTE: Video not graphic, but viewer discretion is advised pic.twitter.com/BZNGHP78ds
Imagens mostram o ex-premiê apertando o peito ao ser atingido, e desmaiando com a camisa ensanguentada. No momento do ataque, ele estava fazendo um discurso em prol da campanha eleitoral de Kei Sato, do Partido Liberal Democrata (PLD), para a Câmara Alta do Parlamento japonês.
A emissora pública NHK transmitiu imagens dramáticas de Abe dando um discurso do lado de fora de uma estação de trem principal em Nara. Ele está de pé, vestido com um terno azul marinho, levantando o punho, quando um tiro é ouvido. Já um repórter da NHK, informou que aos menos dois tiros foram disparados. Ainda não há confirmação se Abe foi atingido por duas balas.
O primeiro-ministro Fumio Kishida chamou o ataque de “covarde e bárbaro” e acrescentou que o crime ocorrido durante a campanha eleitoral, que é o fundamento da democracia, era absolutamente imperdoável.
Trajetória
Abe foi o primeiro-ministro mais longevo do país e cumpriu dois mandatos -- de 2006 a 2007 e de 2012 a 2020. Ele renunciou ao cargo em agosto de 2020, após apresentar problemas de saúde. Enquanto esteve no poder, ganhou notoriedade pela ascensão econômica aplicada no país.
Seu sucessor, Yoshihide Suga, 64, foi indicado pelo Partido Liberal Democrata (PLD). Depois de um ano no cargo, renunciou, em uma saída precipitada pela má gestão da pandemia. O atual líder do Japão, Kishida, foi escolhido para liderar o país com o apoio tácito de Abe.
O ex-primeiro-ministro foi preparado para seguir os passos de seu avô, o ex primeiro-ministro Nobusuke Kishi. Sua retórica política muitas vezes focada em tornar o Japão uma nação “normal” e “bonita” com uma militarização mais forte e maior papel nos assuntos internacionais.
Ele disse aos repórteres na época que foi “doloroso” deixar muitos dos seus objetivos inacabados. Ele falou de seu fracasso em resolver a questão do japonês sequestrado anos atrás pela Coreia do Norte, em uma disputa territorial com a Rússia e uma revisão da Constituição de renúncia à guerra do Japão.
Seu ultranacionalismo irritou as Coréias e a China, e seu esforço para normalizar a postura de defesa do Japão irritou muitos japoneses. Abe não conseguiu reescrever formalmente a constituição pacifista redigida pelos EUA devido ao fraco apoio público.
A primeira passagem de Abe, repleta de escândalos, como primeiro-ministro foi o começo de seis anos de mudança anual de liderança, lembrado como uma era de ``porta’' política que carecia de estabilidade e políticas de longo prazo.
Quando voltou ao cargo em 2012, Abe prometeu revitalizar a nação e obter sua economia fora de sua estagnação deflacionária com sua fórmula ``Abenomics’', que combina estímulo fiscal, flexibilização monetária e reformas estruturais.
Ele ganhou seis eleições nacionais e construiu um sólido controle do poder, reforçando o papel e a capacidade de defesa do Japão e sua aliança de segurança com os EUA. Ele também intensificou a educação patriótica nas escolas e elevou o perfil internacional.
Políticos se solidarizam
Líderes mundiais expressaram angústia em relação ao ataque contra Shinzo Abe. O atentado foi um choque em uma das cidades mais seguras do mundo, localizada em um dos países com algumas das mais rígidas leis de controle de armas.
No Twitter, o presidente da França, Emannuel Macron, enviou condolências para a família de Abe e afirmou que os franceses “apoiava o povo japonês”.
Profondément choqué par l’attaque odieuse dont Shinzo Abe a été victime. Pensées à la famille et aux proches d’un grand Premier ministre. La France se tient aux côtés du peuple japonais.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) July 8, 2022
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, escreveu que estava orando pela recuperação do ex-primeiro-ministro. “Permaneça forte”, escreveu.
Dear @AbeShinzo, stay strong!
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) July 8, 2022
Our thoughts and prayers are with your family and the people of Japan. pic.twitter.com/WRQTTv7jX2
Boris Johnson escreveu que a notícia do ataque o deixou “chocado e triste”.
Utterly appalled and saddened to hear about the despicable attack on Shinzo Abe.
— Boris Johnson (@BorisJohnson) July 8, 2022
My thoughts are with his family and loved ones.
Sobre o histórico de armamento no Japão, o jornal The New York Times noticiou que 10 tiroteios que contribuíram para a morte, ferimentos ou danos materiais foram registrados em 2021, segundo estatísticas da Agência Nacional de Polícia do país.
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