Mais de mil imigrantes desembarcaram na Itália nas últimas horas e centenas foram resgatados por navios humanitários e aguardam um porto de acolhimento, disseram as ONGs e autoridades italianas neste domingo, 24. Cinco corpos foram encontrado a bordo do navio em circunstâncias desconhecidas.
Mais de 600 pessoas que tentaram cruzar o Mar Mediterrâneo a bordo de um barco de pesca foram resgatadas no último sábado, 23, por um navio mercante e pela guarda costeira quando estavam à deriva na costa da Calábria, no extremo sul da península italiana. Eles foram então levados para vários portos da ilha da Sicília.
Na madrugada de sábado para domingo, 522 pessoas do Afeganistão, Paquistão, Sudão, Etiópia e Somália chegaram à ilha de Lampedusa, a maioria a bordo de cerca de 15 barcos da Tunísia e Líbia. A mídia italiana diz que o centro de recepção na pequena ilha italiana está sobrecarregado. A agência Ansa afirma que atualmente abriga 1.200 pessoas, de uma capacidade de 250.
Por outro lado, as organizações de resgate no mar salvaram centenas de migrantes à deriva no Mediterrâneo. A SeaWatch indicou no domingo que no dia anterior realizou quatro operações de resgate.
“A bordo do SeaWatch 3 temos 428 pessoas, incluindo mulheres, uma delas grávida de nove meses e menores de idade. Um paciente tem queimaduras graves”, disseram no Twitter.
Die #SeaWatch3 hat nun 428 Menschen an Bord, die gestern innerhalb von 12 Stunden aus 4 überfüllten Booten gerettet wurden. Mehr Details im Thread ⬇️ (1/5) pic.twitter.com/rGmkzK9WR7
— Sea-Watch (@seawatchcrew) July 24, 2022
“Pela manhã um barco de madeira foi avistado pela nossa tripulação e 101 pessoas foram levadas a bordo do SeaWatch3. Poucas horas depois, outras 99 pessoas foram resgatadas de um barco inflável superlotado”, afirmou a organização. Mais tarde a organização relatou ter encontrado mais 16 pessoas, completando 444 resgatados neste domingo.
O OceanViking, da ONG SOS Méditerranée, afirmou que resgatou 87 pessoas (incluindo 57 menores desacompanhados), que viajavam em “um barco inflável superlotado à deriva em águas internacionais ao largo da Líbia”.
Entre 1º de janeiro e 22 de julho, 34.000 pessoas chegaram por via marítima à Itália, em comparação com 25.500 no mesmo período de 2021 e 10.900 em 2020, segundo o Ministério do Interior italiano. A rota migratória do Mediterrâneo Central é a mais perigosa do mundo. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) estima em 990 o número de mortos e desaparecidos desde o início deste ano.
Este aumento sazonal de chegadas durante o verão coincide este ano na Itália com grande incerteza política, após a renúncia do ex-primeiro-ministro Mario Draghi depois de perder o apoio de dois partidos de seu governo de unidade nacional.
O presidente da República, Sergio Mattarella, dissolveu o Parlamento e marcou as eleições para 25 de setembro, nas quais a facção de extrema-direita Irmãos da Itália (Fratelli d’Italia), liderada por Giorgia Meloni, sai como favorita nas pesquisas.
A migração é um tema com forte impacto na política italiana, cujo país costuma ser uma das rotas de entrada para a Europa de imigrantes que fogem de conflitos e pobreza. A agenda anti-imigração impulsiona partidos como o de Meloni e a Liga do ex-primeiro-ministro Matteo Salvini.
Salvini lamentou a chegada de “411 imigrantes ilegais em poucas horas a Lampedusa”. “Em 25 de setembro, os italianos finalmente poderão escolher a mudança: pelo retorno da segurança, coragem e controle de fronteiras”, escreveu Salvini no Twitter.
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