O governo da Bulgária, comandado pelo primeiro-ministro Kiril Petkov, foi derrubado nesta quarta-feira, 22, por uma moção de censura votada pelos parlamentares da oposição. A moção recebeu 123 votos a favor e 116 contra. Petkov havia assumido o governo há seis meses, mas perdeu a maioria dos deputados neste período.
A oposição justificou a moção ao acusar o governo de não implementar políticas fiscais e econômicas para controlar a inflação crescente no país, que é o estado-membro mais pobre da União Europeia. A moção foi proposta pelo partido de oposição GERB , do ex-primeiro-ministro Boyko Borissov, que deve se beneficiar das novas pesquisas ao lado de partidos pró-Rússia, como o nacionalista Revival, em uma sociedade polarizada por problemas econômicos e pela guerra na Ucrânia.
Petkov tem a chance de retomar o poder se conseguir formar uma nova coalizão e ter apoio suficiente para um novo governo. Caso o contrário, a Bulgária deve enfrentar a quarta eleição geral desde abril de 2021.
A crise política coloca em risco milhões de euros de fundos de recuperação da União Europeia e os planos de adotar o euro a partir de 2024. Além disso, também pode atrapalhar os esforços búlgaros de garantia de fluxo estável de gás natural, incertas desde que Moscou cortou as entregas de gás ao país, em abril.
O vice-primeiro-ministro Assen Vassilev expressou a esperança de que o parlamento ainda vote para aprovar as mudanças orçamentárias elaboradas para aumentar as pensões do Estado e apoiar as famílias à medida que os preços dos alimentos e dos combustíveis aumentam.
Após a votação, Petkov afirmou que a votação “é apenas um pequeno passo em um longo caminho”. “O que eles não entendem é que essa não é a maneira de conquistar o povo búlgaro”, disse.
Na noite desta terça-feira, véspera da votação, cerca de mil manifestantes pró-governo se reuniram perto do Parlamento na capital, Sófia, para demonstrar o apoio ao executivo.
Posições políticas
Ao se tornar primeiro-ministro, Kiril Petkov prometeu combater a corrupção e assumiu uma forte posição pró-europeia e pró-Otan na guerra da Ucrânia, postura incomum para um país tradicionalmente amigável com Moscou.
Em fevereiro, ele demitiu o ministro da Defesa por este se recusar a chamar a invasão russa da Ucrânia de “guerra”, apoiou as sanções da UE contra Moscou e concordou em reparar o maquinário militar pesado da Ucrânia, sem enviar armas para Kiev.
A perda da maioria no parlamento começou, no entanto, com as discussões relacionadas ao orçamento do Estado e a posição búlgara sobre a entrada da Macedônia do Norte no bloco europeu. O vice-primeiro-ministro, Vassilev, deixou o governo depois de acusar Petkov de desconsiderar os interesses da Bulgária ao pressionar que o país retirasse o veto à entrada da Macedônia.
Petkov argumentou que qualquer decisão sobre o veto seria votada no parlamento e acusou Vassilev de impedir deliberadamente a agenda anticorrupção do gabinete.
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