Os Estados Unidos vão enviar para a Ucrânia uma nova remessa de ajuda militar de US$ 450 milhões de dólares, que inclui mais sistemas de foguetes para usar contra as forças invasoras da Rússia, anunciou a Casa Branca nesta quinta-feira, 23. O anúncio ocorre horas depois de as forças ucranianas confirmarem a chegada dos primeiros sistemas de foguetes prometidos anteriormente pelos EUA, em meio a batalhas intensas no leste.
“Este pacote contém armas e equipamentos, inclusive novos sistemas de foguetes de artilharia de alta mobilidade”, informou o porta-voz da Casa Branca, John Kirby. Também estarão incluídos nesta remessa dezenas de milhares de cartuchos de munições de artilharia e lanchas de patrulha.
Os sistemas de foguetes conhecidos como HIMARS encabeçam a lista de desejos da Ucrânia em um momento em que luta contra forças russas que avançam no leste com uma vantagem significativa em artilharia pesada.
Já foram entregues quatro unidades iniciais deste sistema de foguetes, o que deu ao programa de capacitação requerido para que os soldados ucranianos operem este armamento sofisticado e de alta precisão.
Com as últimas remessas, a assistência americana às forças armadas da Ucrânia chega até agora a US$ 6,1 bilhões, destacou Kirby.
A nova ajuda chega apenas uma semana depois que os EUA anunciaram que enviarão US$ 1 bilhão em ajuda militar para a Ucrânia, e à medida que os militares russos continuam expandindo lentamente seu controle na região leste de Donbas. Os líderes ucranianos pediram persistentemente os sistemas de foguetes de precisão mais avançados para lutar melhor contra a Rússia.
A ajuda desta quinta faz parte dos US$ 40 bilhões em assistência econômica e de segurança aprovada no mês passado pelo Congresso e sancionada pelo presidente Joe Biden.
Batalha pelo leste
Mais cedo nesta quinta-feira, a Ucrânia disse que recebeu a primeira parcela do poderoso sistema de armas HIMARS, que Kiev espera que possa ajudar a mudar a maré na batalha de meses. No entanto, demorou cerca de três semanas para treinar as tropas ucranianas nos primeiros sistemas, antes de serem movidos para a luta.
O sistema será crucial agora que a guerra entrou em uma fase de desgaste brutal nas últimas semanas, com as forças russas concentrando um poder de fogo de artilharia esmagador no Donbas, que Moscou reivindica em nome dos separatistas.
Washington disse que recebeu garantias de Kiev de que essas armas de longo alcance não seriam usadas para atacar o território russo, temendo uma escalada do conflito. Autoridades dos EUA disseram que, embora o HIMARS seja importante para as forças ucranianas, nenhum sistema de armas sozinho pode mudar a guerra.
Os militares russos capturaram duas aldeias no leste da Ucrânia nesta quinta-feira e estão lutando pelo controle de uma rodovia importante em uma campanha para cortar as linhas de abastecimento e cercar as forças ucranianas da linha de frente, segundo oficiais militares britânicos e ucranianos.
As forças russas vêm bombardeando a cidade de Severodonetsk há semanas com artilharia e ataques aéreos, e combateram o exército ucraniano. O HIMARS dá à Ucrânia a capacidade de atacar as forças e armas russas de mais longe. Os sistemas são montados em caminhões, que transportam um contêiner com seis foguetes guiados com precisão que podem percorrer cerca de 70 quilômetros.
Moscou alertou que atingirá alvos na Ucrânia que eles “ainda não atingiram” se o Ocidente fornecer mísseis de longo alcance à Ucrânia para uso em sistemas de foguetes móveis de alta precisão.
O alto comando militar ucraniano disse que Moscou continua a adicionar homens e armamentos na luta para capturar a cidade de Lisichansk e acabar com a teimosa resistência ucraniana nas proximidades de Severodonetsk. Os russos afirmam que já cercaram “milhares” de soldados ucranianos, segundo o porta-voz das forças russas na região, Andrei Marochko.
Tais declarações de forças aliadas da Rússia no passado provaram ser falsas e os ucranianos disseram na tarde de quinta-feira que suas forças ainda eram capazes de manobrar. Ainda assim, alguns soldados ucranianos disseram que uma parte de suas forças havia saído de Lisichansk para evitar ficar preso em um cerco.
Analistas militares disseram que a defesa firme dos ucranianos, apesar de estarem em menor número e desarmados, esgotou severamente a força de combate da Rússia. Mas as tropas ucranianas também estão lutando para manter suas linhas e passaram a contar com combatentes subtreinados para reforçar suas forças esgotadas.
Ainda assim, a cidade de Lisichansk, que fica em um terreno alto nas margens ocidentais do rio Donets, está sendo lentamente flanqueada por forças russas que atacam de várias direções. Tendo falhado em avançar em um ataque frontal, as forças russas pressionam há semanas para romper as posições defensivas ucranianas a sudeste de Lisichansk.
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