Pelo menos 15 detentos morreram e outros 20 ficaram feridos após uma nova rebelião registrada nesta segunda-feira, 4, perto da cidade de Latacunga, no centro da Cordilheira dos Andes, no Equador. A informação foi confirmada pelo Serviço Nacional de Atenção Integral às Pessoas Privadas de Liberdade (SNAI), responsável por controlar os presídios no país.
Ao responder a rumores que alertavam para nada menos que 18 mortos, o subdiretor do SNAI, Jorge Flores, conversou com a imprensa local e sinalizou que, de forma preliminar, foram contabilizadas 15 pessoas mortas e 20 feridos, segundo investigações oficiais. Ao longo do dia, também ganhou força nas redes sociais a informação de que um dos mortos seria Leandro Norero, acusado de ser o grande chefe de uma quadrilha de tráfico de drogas na região. Norero, conhecido pelo pseudônimo “El Patrón”, foi preso em maio passado pelo suposto crime de lavagem de dinheiro, em uma operação na qual foram apreendidos 6,4 milhões de dólares, 24 barras de ouro, armas de fogo e munições. “Em relação a Leandro Norero, a #FiscalíaEc informa que, após as correspondentes perícias de identificação, a morte pode ou não ser confirmada”, disse a Procuradoria Geral do Estado.
Nas declarações aos jornalistas, o subdiretor Jorge Flores explicou que os incidentes começaram depois dos detentos terem participado no censo realizado pela instituição para recolher dados sobre a população carcerária do país. De acordo com o relatório do SNAI, unidades da Polícia, Ministério da Saúde, Corpo de Bombeiros, Instituto Equatoriano de Previdência Social (IESS) e equipes de apoio das Forças Armadas atuaram durante a emergência. Após reportar o alerta no Centro Privativo da Liberdade do Cotopaxi, o SNAI coordenou com a Polícia a ativação de “todos os protocolos de segurança, de forma a proteger a segurança do centro prisional”.
Devido à rebelião, equipes táticas da Polícia entraram nas dependências penitenciárias para tentar retomar o controle total do presídio, enquanto equipes militares vigiavam o entorno. Imagens registradas por pessoas que transitavam por uma estrada próxima ao presídio mostraram que vários detentos se refugiaram no telhado do prédio para tentar evitar o confronto. Também nas redes sociais, circulou a informação de que algumas das internas do pavilhão feminino haviam alertado sobre os incidentes e temiam que a violência acabasse por afetá-las diretamente.
Em 20 de setembro, a Polícia equatoriana denunciou a prisão de três agentes dessa instituição por envolvimento no crime de tráfico de munições, quando teriam tentado levar quase 500 balas para o presídio de Cotopaxi. O Equador tem 36 prisões que abrigam mais de 32 mil detentos, e em algumas delas mais de 400 detentos foram assassinados desde 2020, em confrontos entre gangues criminosas rivais que disputam o controle interno dos centros prisionais.
Nas diferentes buscas policiais após os confrontos, foram encontrados diferentes tipos de armas de fogo, incluindo fuzis, além de armas brancas e grandes quantidades de balas. Com as vítimas registradas nesta segunda-feira, o número de presos que morreram nas prisões equatorianas desde o início de 2022 está perto de chegar a 100, principalmente em quatro massacres, dois dos quais ocorreram na prisão de Santo Domingo de los Tsáchilas, outro na prisão Cuenca e agora na prisão de Latacunga.
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