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Uber aumenta preços das corridas nos EUA após aumento da demanda

App precisou cobrar mais para ampliar remuneração de motoristas devido ao 'boom' visto no pós-pandemia.

Algumas semanas após receber a segunda dose da vacina contra o coronavírus, Debora Lima retornou à velha rotina: chamar um Uber para ir se encontrar com amigos. Mas, em vez de esperar cinco minutos pelo carro, ela teve de aguardar 19 minutos e pagar mais pela corrida. E não foi um caso excepcional. Debora, de 28 anos, moradora de Miami, costumava separar em torno de US$ 100 mensais para suas viagens usando o app. Mas duas viagens recentes engoliram metade desse orçamento mensal.

À medida que a pandemia recua nos EUA e mais pessoas voltam a viajar, a socializar e a usar os aplicativos de transporte, elas vêm descobrindo que aquelas corridas rápidas e baratas ficaram mais caras e demoradas. Clientes em todo o país se surpreenderam com os preços.


O Uber e sua principal concorrente, a Lyft, admitem a mudança. Segundo análise da empresa Rakuten Intelligence, o custo de uma corrida estava 37% mais caro, em março, em relação a um ano atrás. Em abril o aumento chegou a 40%.

Os apps de carona estão cobrando mais porque não encontram mão de obra. Quando não há motoristas suficientes para atender à demanda, as empresas aumentam o valor pago aos motoristas em áreas onde a demanda é alta. Alguns aumentos recentes fizeram os preços das corridas saltarem 50% ou mais, disse Daniel Ives, diretor-gerente da Wedbush Securities.

“Com Uber e Lyft se organizando com motoristas terceirizados, em certo sentido eles colocaram os clientes na posição de empregadores”, disse Wendy Edelberg, diretora do Hamilton Project e membro da Brookings Institution.

Tanto o Uber e quanto a Lyft injetaram recursos em alguns incentivos extras para os motoristas, como bônus em dinheiro quando realizam um determinado número de corridas. Mas esses incentivos não parecem tão eficazes como antes da pandemia. Isso porque alguns trabalhadores ainda temem ficar doentes caso voltem à ativa.

Força de trabalho

Em relatório de maio, o Uber informou que tinha 3,5 milhões de motoristas e mensageiros ativos no primeiro trimestre, queda de 22% em relação ao ano anterior. “Não vimos a oferta de motoristas se equiparar ao aumento da demanda nos Estados Unidos”, disse Dara Khosrowshahi, diretor executivo do Uber, em evento recente.

Nas últimas quatro semanas, mais de 100 mil motoristas retornaram à plataforma, afirmou um porta-voz do Uber, após investimento de US$ 250 milhões em bônus a trabalhadores. A Lyft acompanhou, gastando US$ 100 milhões para o mesmo fim. De janeiro a maio, o valor médio pago por hora a esses motoristas passou de US$ 18 para US$ 25.

“Quando os empregadores dizem que não conseguem encontrar mão de obra que necessitam, eles sempre acrescentam a frase ‘com os salários que queremos pagar’”, disse Heidi Shiertholz, diretora de política no Economic Policy Institute. “Sabemos como atrair colaboradores: dando a eles melhores salários e também condições de trabalho.”

Mas os clientes estão impacientes pelo retorno às viagens rápidas e baratas. Em Miami, Debora Lima disse esperar que a companhia consiga manter os preços baixos enquanto tenta atrair mais motoristas para o serviço. “É importante manter os clientes satisfeitos pelo menos com a faixa de preço.”

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