A polícia da Nicarágua prendeu o pré-candidato à presidência Miguel Mora, investigado por "crimes contra a soberania", no último domingo, 20. O político e jornalista é o quinto rival do presidente Daniel Ortega a ser preso no país.
Mora, que também é jornalista, foi detido em sua casa por "incitar a interferência estrangeiras em temas internos e pedir intervenções militares", com base em uma lei que o governo Ortega aplica aos opositores, informou a polícia.
Ele era pré-candidato à presidência pelo Partido da Renovação Democrática (PRD, evangélico), que perdeu o status de pessoa jurídica em maio via tribunal eleitoral. A legenda não poderá concorrer nas eleições de 7 de novembro.
Com Mora, 17 opositores foram detidos a cinco meses das eleições gerais, incluindo cinco pré-candidatos à presidência, nas quais não está descartado que Ortega, de 75 anos - os últimos 14 no poder de maneira consecutiva -, busque o quarto mandato sucessivo.
A ação policial contra opositores começou em 2 de junho com a detenção da aspirante à presidência Cristiana Chamorro, 67 anos, filha da ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro, que segundo as pesquisas era a rival mais popular para a disputa com Ortega nas eleições de novembro.
Chamorro é acusada de lavagem de dinheiro por meio de uma fundação que tem o nome de sua mãe. Também foram detidos o ex-diplomata Arturo Cruz, o cientista político Félix Maradiaga e o economista Juan Sebastián Chamorro, primo de Cristiana.
Mora era diretor do canal 100% Notícias, que foi fechado e atualmente existe apenas no formato digital.
Esta é a segunda operação contra Mora: em 21 de dezembro de 2018 ele foi detido por acusações de incitar o ódio para promover atos terroristas durante os protestos contra o governo. Foi liberado seis meses depois sob uma lei de anistia.
O governo considera que os protestos de 2018, que terminaram com 328 mortos e milhares de exilados, segundo organismos humanitários, foram uma tentativa de golpe de Estado para afastar Ortega do poder.
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