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Concentração de CO2 na atmosfera bate novo recorde em 2020

Em comparação aos níveis da era pré-industrial, em 1750, os níveis de CO2 são 149% maiores.

Mesmo com a redução de emissões na pandemia, a concentração de dióxido de carbono (CO2), principal gás responsável pelo efeito estufa, atingiu novo recorde ao ficar em em 413 partes por milhão (ppm), em 2020, conforme alertou nesta segunda, 25, a Organização Meteorológica Mundial (OMM). O crescimento é de 0,6% ante valor registrado em 2019. Se comparado aos níveis da era pré-industrial, em 1750, os níveis de CO2 são 149% maiores.

A agência das Nações Unidas (ONU) também prevê que, ao final de 2021, os níveis de CO2 na atmosfera devem superar o recorde de 2020. A OMM estima que as medições realizadas no meio do ano, em observatórios como o de Tenerife (Espanha) e Havaí (EUA), podem registar concentrações de até 419 ppm.


“A última vez que uma concentração comparável de CO2 foi registrada na Terra foi entre três e cinco milhões de anos atrás”, diz o secretário-geral da agência, Petteri Taalas, da Finlândia. “Naquela época, a temperatura era 2 a 3 ° C mais quente, e o nível do mar, entre 10 e 20 metros mais alto do que hoje, mas não havia 7,8 bilhões de pessoas no planeta.”

Outros gases responsáveis pelo efeito estufa também registraram aumento no ano passado, em comparação com os valores de 2018. As concentrações de metano (CH4) e óxido de nitrogênio (N2O) já são, respectivamente, 262% e 123% superiores às de 1750.

A paralisação de setores importantes da economia global, em 2020, com a pandemia, gerou uma redução temporária nas novas emissões de CO2. Os lançamentos de gases derivados de combustíveis fósseis apresentaram queda de 5,6%, por exemplo.

Porém, de acordo com a OMM, isso “não teve nenhum efeito perceptível nos níveis de gases de efeito estufa”, embora o crescimento anual na concentração de CO2 tenha sido ligeiramente menor. “Na atual taxa de aumento nas concentrações de todos esses gases, veremos um aumento de temperatura muito maior do que as metas de 1,5 ou 2 ºC do Acordo de Paris (pacto climático de 2015, assinado por 195 países)”, afirma Taalas.

Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), a ser realizada na Escócia, de 31 de outubro a 12 de novembro, a agência espera mostrar que os países devem tomar medidas urgentemente. “Muitas nações estão agora estabelecendo metas de neutralidade de carbono, e é de se esperar que, na COP 26, em Glasgow, haja um aumento dramático desses compromissos”, diz Taalas. Segundo ele, as mudanças “são econômica e tecnicamente viáveis, e não há tempo a perder para adotá-las.”

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