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Donald Trump ameaça barrar voos do Brasil para os Estados Unidos

"Eu não quero pessoas entrando e infectando nosso povo", disse o presidente dos EUA.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou dizer que pode cancelar a entrada de voos do Brasil, por causa do aumento de infecções pelo coronavírus no País. "Estamos considerando", disse Trump ao ser questionado por um jornalista se cogita impor uma restrição aos voos brasileiros pelo fato de o País estar em terceiro lugar na lista mundial de maior número de casos de covid-19, perdendo apenas para EUA e Rússia. "Eu não quero pessoas entrando e infectando nosso povo", disse Trump.

O americano anunciou, sem detalhes, que os EUA estão enviando respiradores ao Brasil. "Eu também não quero as pessoas de lá doentes. Estamos ajudando o Brasil com respiradores, eles precisam de respiradores e estou enviando a eles. Temos tantos milhares de ventiladores, estamos enviando a eles. Brasil está tendo problema, sem dúvida, sobre isso", afirmou Trump. A Casa Branca foi questionada pelo Estadão sobre o anúncio do envio de respiradores ao País, mas ainda não respondeu as perguntas.


Nesta terça-feira, 19, Trump disse que o Brasil está adotando a estratégia do "rebanho", que consiste em deixar a população se contaminar para que obtenha imunidade.

A possibilidade de suspender a chegada de voos vindos do Brasil já foi ventilada por Trump no final de abril, quando o presidente americano questionou o governador da Flórida, Ron DeSantis, se ele desejava impor a restrição já que o Brasil vivia um "grande surto". Na ocasião, De Santis afirmou que não seria necessário adotar a medida. Dois dias depois, Trump disse que o número de mortes no Brasil estava "muito alto" e em trajetória vertical. Há pressão interna para que o aumento de casos no Brasil não piore a situação do combate ao vírus nos EUA. Em entrevista ao Estado, o prefeito de Miami, Francis Suarez, disse ser favorável à imposição de uma restrição. "O Brasil é obviamente um dos locais com grande número de infectados", afirmou Suarez.

Ainda em abril, o governo brasileiro fez movimentos de bastidores para desfazer dentro do governo dos EUA uma possível má impressão sobre a situação da pandemia e evitar o bloqueio de voos. Desde então, o número de voos do Brasil aos EUA subiu de 9 para 13, sendo que a maioria tem a Flórida como destino. O governo brasileiro argumenta que há poucos passageiros que viajam aos EUA e os voos têm se destinado, majoritariamente, a trazer brasileiros de volta ao País e ao transporte de carga.

Trump é tido pelo governo Bolsonaro como principal aliado no cenário político internacional. Ao ser questionado sobre a situação do Brasil, ele evita críticas à gestão de Bolsonaro, que internacionalmente tem sido apontado por analistas e imprensa estrangeira como um dos piores líderes na condução da resposta à crise.

Os EUA são, no momento, o epicentro mundial da pandemia. Como Bolsonaro, Trump demorou a articular em nível federal uma resposta à crise, deixando a condução das medidas de isolamento inicialmente para os governadores. No dia 16 de março, no entanto, o presidente americano passou a defender o plano de diretrizes federais para fechamento de comércio, escolas e distanciamento social.

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