O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, destituiu o Parlamento da Catalunha e convocou eleições para o dia 21 de dezembro. A decisão foi tomada, nesta sexta-feira (27), em uma reunião do Conselho de Ministros da Espanha.
Mais cedo, o Parlamento regional catalão havia votado uma moção para dar início ao “processo constituinte” e se separar da Espanha. Minutos depois, o Senado espanhol aprovou a aplicação do Artigo 155, que autorizou a intervenção no governo da Catalunha e a destituição de seus líderes separatistas.
- Foto: Javier Sorano/AFPMarian Rajoy
O Conselho de Ministros da Espanha decidiu ainda pela destituição do governador catalão, Carles Puigdemont, e de todo o governo regional da Catalunha (conhecido como Generalitat), assim como do diretor-geral da Polícia, Pere Soler.
Além disso, o conselho aprovou a apresentação de um recurso ao Tribunal Constitucional contra a declaração de independência aprovada pelo Parlamento catalão.
De acordo com o El País, o governo central também decidiu extinguir as embaixadas da Catalunha no estrangeiro, desautorizando seus delegados em Bruxelas e Madri. As decisões entram em vigor assim que forem publicadas no Diário Oficial do Estado.
Segurança
O governo catalão conta com 16 mil agentes, os chamados Mossos d'Esquadra, que passará inevitavelmente ao controle do governo central, que já mobilizou ainda milhares de policiais e guardas civis na região.
A atitude do separatismo catalão foi até agora majoritariamente pacífica durante suas grandes mobilizações.
O sonho de uma República é antigo na região. A última vez que a Catalunha, uma região com idioma próprio e forte identidade, tentou proclamar a independência foi em outubro de 1934, quando o então presidente Lluís Companys anunciou uma "República catalã" dentro de uma "República federal espanhola", que terminou em fracasso.
Mas a Catalunha, assim como o País Basco, recuperou suas instituições de autogoverno com a volta da democracia à Espanha. Foram as duas primeiras comunidades a consegui-lo, em dezembro de 1978.
A Catalunha foi às urnas há dois anos, e dali surgiu a atual maioria independentista que avisou que seu objetivo era conseguir a sonhada secessão, com ou sem a colaboração de Madri.
Apesar das advertências do governo e do Tribunal Constitucional, conseguiram organizar um referendo no dia 1º, sem garantias nem censo válido.
Apesar disso, o governo regional o considerou válido, assegurando ter havido 90% de votos 'sim' à separação e participação de 43%.
A bolsa de Madri sentiu o baque após a declaração de independência votada no Parlamento: recuou 1,45%, com os valores bancários liderando as perdas.
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