Os Estados Unidos reconheceram oficialmente, nessa quinta-feira (01), a vitória de Edmundo González nas eleições presidenciais da Venezuela. O pleito foi realizado no último domingo (28) e desde então o Brasil tem adotado uma posição “neutra” sobre a falta de divulgação das atas eleitorais pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano. A diplomacia brasileira afirmou que prefere aguardar os relatórios das urnas para se posicionar sobre o pleito.
Fontes ligadas a Lula (PT) demonstram que a nota do governo norte-americano 'tem claro impacto' na situação venezuelana, mas que isso não deve mudar a posição de países que possuem contato amistoso com a ditadura de Maduro.
Já no Palácio do Planalto, o receio é de que o reconhecimento da vitória de Gonzáles pelos EUA não contribua com o diálogo entre o regime chavista e a oposição do país, nem mesmo para a divulgação das atas de votação pelo CNE.
A nota de posicionamento do governo norte-americano foi publicada nas redes sociais pelo secretário de Estado, Antony Blinken, em que é apontado o fato dos dados eleitorais demonstrarem “de forma esmagadora a vontade do povo venezuelano: o candidato da oposição democrática obteve o maior número de votos”.
Esse texto contrasta com a nota conjunta emitida pelos presidentes do Brasil, México e Colômbia. A nota, assinada pelo presidente Lula, diz que as “controvérsias sobre o processo eleitoral devem ser dirimidas pela via institucional” e que deve haver “verificação imparcial dos resultados”.
Resposta de Maduro
O ditador Nicolás Maduro respondeu à mensagem da Casa Branca, ocasião em que indicou uma tentativa do governo norte-americano em substituir a autoridade eleitoral do país. “Os EUA devem tirar o nariz da Venezuela, porque o povo soberano é quem governa na Venezuela, quem nomeia, quem escolhe”, afirmou o chavista.
Assessor diz que oposição não provou vitória
Em entrevista à Rede TV, Celso Amorim, assessor especial de Lula e um dos interlocutores do Brasil com a ditadura venezuelana, revelou uma “estranheza” pela demora de divulgação das atas eleitorais pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela. Mesmo com a contestação do resultado anunciado pelo órgão, ele afirmou que a oposição no país também não provou ter vencido.
O diplomata defendeu a estratégia de Lula em pedir cautela, enquanto os boletins das urnas eleitorais não são apresentados. “O ônus da prova está em quem é objeto de suspeição”, afirmou.