O chefe do Ministério Público da Venezuela , Tarek William Saab, acusou nesta segunda-feira (29) María Corina Machado , opositora do ditador Nicolás Maduro , de estar envolvida em um suposto ataque hacker contra o sistema do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) durante as eleições presidenciais do domingo (28). O CNE afirmou que o ataque atrasou a totalização dos votos e a proclamação dos resultados, feita por volta de 1h da manhã em Caracas (2h de Brasília), que deu vitória a Maduro.
Segundo Saab, o ataque teve origem na Macedônia do Norte e tinha a intenção de manipular os dados do CNE. Ele afirmo-u que a ação foi contida, mas conseguiu atrasar a leitura do boletim final dos resultados por algumas horas. Entre os supostos responsáveis estariam Leopoldo López, que vive na Espanha, e María Corina Machado. Saab informou que os procuradores estão reunindo elementos para avançar na investigação.
María Corina Machado ainda não se manifestou sobre as acusações. Ela teve sua candidatura à presidência negada pelo CNE devido a uma condenação judicial e indicou Edmundo González, que obteve 44% dos votos, contra 51,21% de Maduro, após 80% das urnas apuradas. Saab garantiu que o CNE publicará "nas próximas horas" as atas eleitorais mostrando o resultado de cada uma das mais de 30 mil mesas de votação.
Durante a votação, houve 60 incidentes, dos quais 32 foram casos de destruição de material eleitoral, com 17 pessoas presas. Saab destacou que a eleição ocorreu em 15,7 mil centros eleitorais, com 30,2 mil máquinas de votação, e que o Ministério Público não tolerará manifestações violentas para contestar o resultado das urnas.
Há expectativa de que o CNE publique todas as atas com os resultados por urna para verificar se coincidem com as distribuídas aos fiscais da oposição e observadores. Líderes mundiais se dividem entre aqueles que não reconhecem o resultado, como os presidentes do Equador e da Argentina; os que pedem a publicação das atas, como a Colômbia, os EUA e a União Europeia; e os que parabenizaram Maduro, como Rússia, Bolívia, China e Cuba. O Brasil aguarda a publicação dos dados desagregados por mesa de votação para assegurar a transparência e legitimidade do resultado.