O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, anunciou nesta terça-feira (3) a suspensão do decreto de lei marcial, horas após a Assembleia Nacional votar pela revogação da medida em uma sessão emergencial. A lei marcial, declarada por Yoon no mesmo dia, mobilizou tropas para a sede do parlamento e gerou reações imediatas da oposição, que classificou a ação como uma ameaça à democracia. A decisão presidencial veio após 190 parlamentares, incluindo membros do partido do governo, aprovarem a anulação do decreto.
A medida foi justificada por Yoon como necessária para combater “atividades antinacionais” e proteger a ordem constitucional, mas enfrentou forte oposição política e social. Segundo a agência Yonhap, a iniciativa foi interpretada como uma resposta direta às ações do Partido Democrático da Coreia (DPK), que controla a maioria no parlamento. Recentemente, o DPK aprovou um orçamento reduzido para 2025 e apresentou moções de impeachment contra o procurador-geral e o chefe do Conselho de Auditoria e Inspeção, decisões que aumentaram o conflito entre o legislativo e o executivo.
A Constituição sul-coreana exige que o presidente revogue a lei marcial se o parlamento assim decidir, mas a presença militar nas proximidades da Assembleia gerou preocupações quanto à manutenção da ordem até o anúncio oficial de Yoon. Durante a crise, o líder do DPK, Lee Jae-myung, declarou em redes sociais que o partido protegeria “as vidas e a segurança das pessoas até o fim”, enquanto os parlamentares buscavam consenso para a votação emergencial.
Internacionalmente, o decreto de Yoon também causou apreensão. Os Estados Unidos expressaram preocupação com a situação na Coreia do Sul e informaram que a administração Biden não foi previamente avisada sobre a declaração de lei marcial. Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA classificou os eventos como graves e ressaltou a importância de preservar o sistema democrático no país.
No pronunciamento inicial que anunciou a lei marcial, Yoon acusou o parlamento de agir contra o governo e promover a desordem institucional. Ele afirmou que a Assembleia Nacional estava “paralisando os sistemas judicial e administrativo” e servindo como “um refúgio para criminosos”. Contudo, diante da pressão política e legal, o presidente confirmou a suspensão do decreto.