O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu, durante entrevista em Dubai na manhã deste domingo (03), que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia pode não se concretizar. “Se não tiver acordo, paciência. Não foi por falta de vontade. Mas a única coisa que tem que ficar claro é que não digam mais que é por conta do Brasil. E que não digam mais que [o acordo] não saiu por conta da América do Sul. Assumam a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão”, afirmou Lula.

O chefe do Executivo brasileiro deu as declarações após o presidente da França, Emmanuel Macron , afirmar, nesse sábado (02), que é contrário à união, classificando-a como “antiquada”.

“[Sou] contra o acordo porque acho que é um acordo completamente contraditório com o que Lula está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo, porque é um acordo que foi negociado há 20 anos, e que tentamos remendar”, reclamou Macron.

Brasil continuará as negociações com outros líderes europeus

O presidente Lula afirmou que as conversas com outros líderes europeus no sentido de construir essa aliança continuam nesta semana, apesar do recuo de Macron. Acontece que, a próxima cúpula do Mercosul está marcada para 07 de dezembro, no Rio de Janeiro, quando o bloco deve decidir se continua ou não com as negociações.

Dessa forma, membros do governo Lula avaliam que não há mais tempo hábil para a concretização do acordo, já que o Brasil também não pretende ceder às novas condições ambientais impostas na proposta (sanções ao Brasil em caso de descumprimento de algumas regras).

“Nós vamos ter uma conversa. Eu tive uma grande conversa com Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia. Vamos ver como é que vai acontecer. Se não der acordo, pelo menos vai ficar patenteado de quem é a culpa de não ter acordo. Agora o que a gente não vai fazer é um acordo para tomar prejuízo”, disse o presidente brasileiro.