A empresária Delma Pereira de Sousa e sua empresa D. P. de Sousa Consultoria estão sendo alvos de inquérito da Polícia Civil do Maranhão aberto ainda em 2019 e que investiga a prática de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo a investigação, a empresa, que atua na área de capacitação para servidores públicos, firmou mais de 20 contratos com a Prefeitura de Trizidela do Vale, no Maranhão, entre 2017 e 2020.
Consta que, nesse período, Delma recebeu R$ 1.027.393,00 (um milhão e vinte e sete mil, trezentos e noventa e três reais). Na época, o prefeito do município era Charles Frederick Maia Fernandes, atualmente deputado estadual pelo PDT.
Quebra de sigilo
No âmbito da investigação, a delegada Caroliny Fernanda dos Santos Santana , do 1º Departamento de Combate à Corrupção (DECCOR), solicitou a quebra de sigilo bancário e fiscal de Delma Pereira e da empresa D. P. de Sousa Consultoria com o objetivo de aprofundar as investigações sobre possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, a partir de indícios de movimentações financeiras atípicas e incompatíveis com a renda declarada.
Segundo a delegada, os valores pagos pela Prefeitura de Trizidela do Vale eram incompatíveis com o estilo de vida de Delma, tendo em vista que ela “não possuía muitos bens e se vestia de forma modesta”.
Ligação com pessoas dentro da Prefeitura de Trizidela do Vale
A investigação expôs ainda que Delma Pereira tem ligações com pessoas próximas a Charles Frederick Maia, prefeito do município na época da celebração dos contratos, o que pode ter favorecido o pacto. Conforme o inquérito, Delma é sobrinha de Francisca Rosa, esposa de Jânio Balé, ex-prefeito do município e que prestou apoio a Charles.
Assumiu cargo na atual gestão
A investigação da PC-MA também revelou que Delma exerceu o cargo de diretora da Unidade Básica de Saúde João Beata, no município de Trizidela do Vale, durante a gestão do atual prefeito, Deibson Pereira Freitas, seu primo e que já foi vice de Charles Frederick Maia. As equipes de investigação também entendera esse fato com indício de ilícito.
Ministério Público favorável ao pedido de quebra de sigilo
No dia 11 de setembro, o Ministério Público se manifestou favoravel à quebra dos sigilos fiscal e bancário, medida necessária para se investigar “indícios consistentes de movimentações financeiras atípicas, incompatíveis com a renda declarada pelos investigados”.
“Neste caso específico, os elementos apresentados pelo Primeiro Departamento de Combate à Corrupção são suficientes para demonstrar a pertinência e a necessidade da medida excepcional de quebra de sigilo, uma vez que revelam um quadro de possíveis irregularidades financeiras que precisam ser investigadas de forma rigorosa”, consta em trecho da manifestação do MP.
Juiz aceitou pedido da Polícia Civil do Maranhão
O juiz Luiz Emílio Braúna Bittencourt Júnior , da 2ª Vara da Comarca de Pedreiras, atendeu ao pedido da polícia e determinou, no dia 11 de setembro, o afastamento dos sigilos de “todas as contas correntes, contas de depósito, contas poupança, contas de investimento e outros bens, direitos e valores mantidos em instituições financeiras” tanto de Delma Pereira como de sua empresa, a D. P. de Sousa Consultoria.
Segundo a decisão, a transmissão dos dados bancários e cadastrais deverão ser enviados diretamente ao Laboratório de Tecnologia Contra a Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil do Estado do Maranhão.
A Receita Federal procederá à quebra de sigilo bancário do período de 01/01/2016 a 31/12/2019.
Outro lado
Procurada pelo GP1 , a empresa D. P. de Sousa Consultoria não atendeu às ligações. O espaço segue aberto para esclarecimentos.