O Brasil segue fora das tarifas iniciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , no contexto da guerra comercial entre os EUA e a China. Entretanto, os impactos indiretos dessas medidas podem afetar a economia nacional, especialmente em áreas cruciais como câmbio, juros e comércio exterior. Analistas destacam a necessidade de prudência por parte do Brasil e de um controle fiscal rigoroso para aliviar os efeitos dessa instabilidade global, que pode refletir em diversas frentes econômicas, incluindo o aumento do dólar.
Em uma pesquisa feita por Lia Valls, da Fundação Getulio Vargas , ela sugere que a ameaça de novas tarifas não deve ser subestimada. Ela acredita que Trump pode usar essa ameaça como uma forma de pressão nas negociações internacionais. “Trump pode usar essa ameaça como uma estratégia de pressão durante as negociações”, afirma Lia.
Além disso, o professor Roberto Dumas Damas, do Insper, destaca que, apesar dos riscos envolvidos, a guerra comercial pode gerar algumas oportunidades para o Brasil, principalmente se o país souber se posicionar de maneira estratégica. Por outro lado, a intensificação das disputas comerciais entre os EUA, México e Canadá também contribui para um cenário global incerto.
Economistas projetam que as negociações sobre a adoção de novas tarifas devem ganhar maior clareza a partir de abril, com a finalização dos estudos solicitados por Trump. Luis Otávio Leal, economista-chefe da 5G Partners, alerta para os efeitos inflacionários que um aumento nas tarifas pode causar tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, devido à valorização do dólar.
O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros também enfatiza os riscos de desequilíbrios globais causados pela abordagem de Trump, comparando-os aos impactos da crise de 2008. A incerteza no comércio exterior é especialmente preocupante para setores estratégicos da economia brasileira, como a siderurgia e o agronegócio.
O mercado brasileiro tem reagido de maneira mista às movimentações internacionais. Recentemente, a ausência de novas tarifas causou uma queda do dólar para R$ 6,03 e uma alta no Ibovespa. Especialistas, como os do UBS e Rio Bravo Investimentos, destacam a importância de controlar a inflação e manter a saúde fiscal do país para enfrentar os desafios econômicos vindos do exterior. Segundo o Bank of America, embora o cenário para os mercados emergentes seja incerto, muitos dos riscos já estão precificados, o que pode representar uma oportunidade de recuperação para o real nos primeiros meses do ano.