Menos de uma semana à frente do posto de treinador do Corinthians, o técnico Cuca anunciou a sua saída na noite dessa quarta-feira (26), após a classificação Alvinegro em cima do Remo para as oitavas de final da Copa do Brasil. O treinador comandou o Timão em apenas duas oportunidades, diante da derrota para o Goiás no Campeonato Brasileiro e a remontada contra o Remo na Copa do Brasil.
“Chega um momento que você pesa o que vale a pena e o que não vale. Nesse momento, quero fazer valer a pena a minha família, que é a coisa mais importante no mundo. Não esperava essa avalanche aqui, são coisas que aconteceram há muito tempo e trazidas como se tivessem acontecido ontem”, relatou Cuca em seu anúncio.
Protestos por parte dos torcedores
A renúncia do cargo vem após a onda de protestos que parte dos torcedores fizeram quando a diretoria corinthiana anunciou a chega de Cuca como novo comandante, após a demissão de Fernando Lázaro. A insatisfação na contratação do técnico se deu por conta da condenação de estupro que Cuca carrega nas costas. Em 1987, quando era jogador do Grêmio, Alexi Stival (Cuca), foi condenado por estuprar uma adolescente de 13 anos em um quarto de hotel na Suíça.
No dia da apresentação do treinador, na última sexta-feira (21), parte dos torcedores fizeram uma série de protestos contra o nome de Cuca no comando do time. Em frente ao centro de treinamento da equipe, Joaquim Grava, os torcedores estenderam faixas com os dizeres: Fora Cuca. No mesmo dia, em sua coletiva de apresentação, Cuca se declarou inocente das acusações, mesmo que tenha sido declarado culpado e julgado a pagar uma pena de 15 meses.
“Eu não sou bandido. Não sou culpado de nada. Sou inocente. Tenho minha consciência tranquila, durmo tranquilo. Eu sou uma pessoa decente, acima de tudo. Minha bandeira sempre foi a correção”, declarou Cuca.
Cuca teve apoio da diretoria e jogadores
Apesar de ter renunciado ao cargo de treinador, Cuca tem o apoio tanto da diretoria quanto dos jogadores do elenco. O presidente do clube, Duílio Monteiro Alves, lamentou a saída do treinador e ainda afirmou que Cuca vem sofrendo um massacre por conta dos protestos. Anteriormente, assim quando contratou o treinador, o presidente afirmou que a diretoria havia feito uma busca e que acreditavam na inocência de Cuca.
“Se ele tivesse envolvimento, jamais seria técnico do Corinthians, mesmo que o crime tivesse prescrito e passados 100 anos. Mas a vítima não reconheceu Cuca como envolvido. Ele foi condenado à revelia, por não estar no julgamento. O Corinthians jamais contrataria um estuprador”, afirmou o presidente do clube.
Além disso, após o jogo contra o Remo e a classificação estar garantida, Róger Guedes, autor do segundo gol, concedeu entrevista e relatou estar a favor do treinador e acreditar na inocência. Em meio a sua fala, o jogador ainda criticou os protestos e julgamentos que a mídia e torcedores fizeram em relação a Cuca.
“Não sei como essas pessoas dormem em casa com tanto ódio no coração. Infelizmente conseguiram o que queriam. Parte da imprensa, não todos, mas parte da imprensa, de torcedores daqui e de outros clubes. Essas pessoas que têm tanto ódio estão felizes, e a gente, que é de coração bom... Querendo ou não, foram poucos dias, mas ele plantou o que queria. Fico triste por conhecer a pessoa que ele é, principalmente por vê-lo chorar, ver a esposa e filhas tristes com isso, sendo atacadas nas redes sociais. Não é ser humano a pessoa que faz isso. Espero que prove sua inocência. Acredito nele, confio nele”, declarou o atacante após o jogo.
O caso de estupro
Apesar da crença na inocência, o discurso pregado por Cuca, que não havia sido reconhecido pela vítima, foi desmentido pelo advogado da vítima, o suíço Willi Egloff. Para o UOL, o advogado afirmou que a vítima reconheceu Cuca como um dos agressores e ainda confirmou a informação do jornal suíço “Der Bund”, que informou que o sémen de Cuca foi encontrado na jovem.
Além de Cuca, estavam presentes os jogadores Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoli, que também foram detidos por alegação de terem estuprado a garota de 13 anos. Segundo a investigação, a jovem teria se dirigido ao quarto dos atletas com amigos para pedir autografo, mas acabou sendo puxada para dentro do quarto, onde teria sido abusada.
Apesar do crime ter acontecido em 1987, Cuca, Eduardo e Henrique foram condenados apenas dois anos depois, com a pena de 15 meses de prisão por atentado ao pudor com uso de violência.
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