Apaixonado por futebol há muito tempo, Elisvaldo Silva percebeu uma determinada deficiência no futebol profissional da região Nordeste, mais especificamente no Piauí e no Maranhão: a falta de uma contribuição financeira aos clubes por parte dos torcedores, os famosos planos de sócio-torcedor. Atualmente como CEO da empresa de soluções tecnológicas SILE, ele resolveu, então, colocar o seu conhecimento a serviço e tentar solucionar tal problema, criando a página “Vem Ser Sócio”.
Em entrevista ao GP1 na tarde desta terça-feira (24), Elisvaldo deu detalhes sobre o projeto, que pode solucionar os problemas dos clubes locais. Além disso, falou da atual parceria com o Corisabbá, equipe de Floriano, e alertou que o futebol piauiense está deixando de arrecadar e monetizar ainda mais pelo que, segundo ele, seria uma falta de visão empreendedora.
Apoio financeiro para além do poder público e dos patrocínios
Elisvaldo, que solução o “Vem Ser Sócio” pretende oferecer para os seus usuários?
Diante da dificuldade financeira com que vivem os clubes brasileiros, principalmente aqueles fora do eixo Rio-São Paulo, nós procuramos uma forma de como contribuir para que os clubes monetizem um pouco mais e não fiquem dependendo apenas de patrocínio, de apoio do poder público e coisas do tipo. Então, em 2019, eu comecei a trabalhar essa plataforma, mas como é um pouco complexo, nós conseguimos colocá-la em prática em 2021. Implementamos nossa solução em um clube aqui do Piauí, o Corisabbá, de Floriano, para ver se a plataforma iria funcionar 100% e deu certo. Passamos 2021 e 2022 testando e agora, em 2023, queremos expandir para outros clubes aqui do Piauí. Não só do Piauí, mas de todo o Brasil.
Como funciona
Se eu entendi bem, qualquer pessoa pode fazer o cadastro e contribuir com o seu time, é isso?
Exatamente. [Em um primeiro momento], o clube define os pacotes que gostaria de ofertar, por exemplo, plano bronze, plano prata e plano ouro. O clube definiria os benefícios que cada torcedor teria em cada plano. Qualquer pessoa pode se inscrever. No momento em que ela assina, tem duas modalidades de pagamento: pode parcelar em 12x todo o pacote ou pode pagar à vista em boleto. Isso para o clube é muito vantajoso, porque não haveria risco de inadimplência, já que seria um pagamento integral por parte do torcedor, só que parcelado, caso ele opte por essa opção.
Expansão da oferta e portas abertas
Em que pé estão as negociações com outros clubes?
Hoje, nossa solução foi implementada no Corisabbá, em Floriano. Estou negociando com alguns clubes do Maranhão e quero negociar também com alguns clubes do Piauí. Entre os times piauienses, já falamos com o 4 de julho, com o Parnahyba, com o Esporte Clube Flamengo e com o Comercial Atlético Clube. No Maranhão, conversamos com o próprio Maranhão Atlético Clube, com o Cordino Esporte Clube, com o Pitanguense Futebol Club e com o Santa Quitéria Futebol Clube. Conversei com o dirigente do Maranhão antes de iniciarmos a nossa conversa aqui, Pedro, e a agência deles que cuida dessa parte está aguardando outras propostas para analisar a melhor opção. Mas, acreditamos que vamos fechar, sim, com eles. O Cordino e o Pitanguense também acenaram positivamente, pediram apenas que aguardássemos um pouco.
Há previsão de resposta dos clubes piauienses?
Conversei com alguns diretores de clubes aqui do Piauí e em um primeiro momento, demonstraram interesse, gostaram da solução, mas [a negociação] não andou. Mas, a porta está aberta. Infelizmente, os clubes aqui do nosso estado [Piauí] ainda não se atentaram para essa fonte de receita que eles podem estar agregando. Nenhum clube aqui do Piauí, além do Corisabbá e, se não me engano, do Altos, tem um programa de sócio-torcedor. Outros podem até ter, mas em estilo ainda muito arcaico: fichas de papel e coisas do tipo. A nossa solução é tecnológica, o torcedor assina e tem sua carteira virtual, ou seja, o clube não precisa ter custo para mandar confeccionar a carteira.
Como está funcionando lá no Corisabbá?
Atualmente, o Corisabbá adota nossa solução denominada 'Torcedores de Vantagem', nomenclatura que o clube optou por utiliza. Nesse programa, os torcedores fazem uma contribuição mensal de R$ 25, totalizando R$ 300 por ano para cada um deles.
Para finalizar, qual seria o seu apelo aos gestores do futebol piauiense?
Gostaria de destacar a oportunidade que os programas de sócio torcedores oferecem aos clubes de futebol. Além de fortalecer os laços entre as equipes e seus torcedores, esses programas representam uma fonte estável de receita, crucial para a sustentabilidade financeira a longo prazo. Implementar iniciativas como essa não apenas gera apoio financeiro constante, mas também promove uma conexão mais profunda com a comunidade local, permitindo investimentos em infraestrutura, desenvolvimento de jovens talentos e melhoria geral do futebol piauiense.
Apelo aos gestores para que considerem seriamente essa abordagem inovadora, transformando a paixão dos torcedores em apoio financeiro sólido, construindo assim um futuro mais promissor para nossos clubes e para o futebol local.
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