O dono da SAF do Botafogo , John Textor , prestou depoimento na CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas nessa segunda-feira (22), em sessão secreta. O estadunidense foi convidado a depor após conceder declarações em 2023 sobre supostas manipulações de resultados em jogos do Campeonato Brasileiro.
Recentemente, John Textor entregou supostas provas à Polícia Civil e ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Antes de responder aos senadores presentes na CPI, o estadunidense afirmou que as provas que possui mostram “como os jogos são manipulados, e não o por quê”.
O empresário ainda afirmou que com o intuito de preservar os envolvidos, apresentou as evidências em sessão secreta com os senadores. O depoimento foi coordenado pelos senadores Jorge Kajuru (PSB) e Romário (PL), que são o presidente e relator da CPI das apostas.
“Muitos duvidaram e disseram que o senhor não teria provas. Muitos o chamaram de fanfarrão. Acredito que, com a sua capacidade, será de grande relevância para a CPI, para o nosso futebol e para o nosso país”, afirmou Romário.
John Textor foi ouvido por cerca de 3 horas, onde entregou um relatório de 180 páginas, que contém nome de possíveis árbitros envolvidos. Ao analisar o documento, o presidente da CPI, Kajuru afirmou que os indícios apresentados são “suficientes para investigarmos profundamente.
“Deverei respeitar o segredo de justiça, mas tentarei o mais rápido possível trazer a público tudo o que vimos e ouvimos, o que consta no relatório entregue a esta CPI. Chegamos a uma conclusão simples e objetiva. Tivemos conhecimento de diversos indícios, não queremos falar ainda em provas. Não podemos dizer que participamos de mais de uma hora de conversa sem conteúdo, pelo contrário. Não se tratou apenas de o CEO do Botafogo só trazer fatos e indícios pelo seu clube, o Botafogo. Falou de outros jogos, mostrou outras imagens e concluo assim que temos indícios suficientes para investigarmos profundamente. A próxima reunião será na quarta-feira, às 14 horas”, declarou o senador Kajuru.
Julgamento de Textor adiado pelo Pleno do STJD
O julgamento do dono da SAF do Botafogo, John Textor, foi adiado pelo Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) após pedido do auditor e vice-presidente Felipe Bevilacqua. O adiamento vem após o empresário estadunidense apresentar novas informações e documentos confidenciais.
Textor teria apresentado vídeos produzidos pela empresa Good Game , que analisou lances apontados como suspeitos nos jogos entre Palmeiras x Fortaleza, pelo Brasileirão 2022, e Palmeiras x São Paulo, em 2023.
Com o novo conteúdo apresentado, Felipe Bevilacqua solicitou o adiamento do julgamento para poder ter mais tempo para analisar os conteúdos. Em entrevista à imprensa, o auditor afirmou que o processo não possui necessidade de celeridade e declarou o adiamento em mais uma semana.
Denúncias de John Textor
Através de seu site, John Textor escreveu em detalhes que as supostas manipulações teriam acontecido na vitória do Palmeiras sobre o Fortaleza no Campeonato Brasileiro de 2022, por 4 a 0, e na goleada do Alviverde sobre o São Paulo por 5 a 0 no Brasileirão de 2023. Em suas declarações, Textor afirma que especialista e inteligência artificial analisaram as partidas.
“O jogo Palmeiras x São Paulo de outubro de 2023 foi, segundo grandes especialistas e inteligência artificial, manipulado por pelo menos cinco jogadores são-paulinos. Um total de sete jogadores apresentaram desvios anormais em situações chaves de marcação de gols, embora apenas cinco jogadores tenham ultrapassado os limites que estabeleceriam provas claras e convincentes de manipulação do jogo. Deve ficar claro que as provas não estabelecem o motivo, nem sugerem que qualquer clube ou qualquer parte tenha sido responsável pela manipulação, além dos jogadores específicos identificados”, declarou sobre o jogo entre Palmeiras x São Paulo.
“O jogo Palmeiras x Fortaleza de novembro de 2022 foi, segundo grandes especialistas e inteligência artificial, manipulado por pelo menos quatro jogadores do Fortaleza. Vários outros jogadores exibiram desvios anormais em situações chave de marcação de gols, embora apenas quatro jogadores tenham ultrapassado os limites que estabeleceriam provas claras e convincentes de manipulação do jogo. Deve ficar claro que as provas não estabelecem o motivo, nem sugerem que qualquer clube ou qualquer parte tenha sido responsável pela manipulação, para além dos jogadores específicos identificados”, continuou Textor.