O Banco Central (BC) revisou para baixo sua projeção de crescimento da economia brasileira. A estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) ao fim de 2025 foi reduzida de 2,1% para 1,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira (27). Em 2024, o PIB nacional teve um crescimento de 3,4%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A instituição apontou que, embora a projeção para o crescimento do PIB em 2025 continue alinhada à expectativa de desaceleração da economia em relação a 2024 e aos anos anteriores, essa revisão reflete uma redução nas expectativas para setores mais cíclicos da economia. No entanto, essa queda será parcialmente compensada pelo desempenho positivo de outros setores.
BC divulga o Relatório de Política Monetária (denominado Relatório de Inflação entre 1999 e 2024) de Março de 2025https://t.co/0MQd3cr7mS pic.twitter.com/hpeCzMtMRf
— Banco Central BR (@BancoCentralBR) March 27, 2025
O BC destacou que a desaceleração econômica projetada para 2025 está ligada a uma política monetária mais restritiva, com a taxa básica de juros atualmente fixada em 14,25% ao ano, o maior nível desde o Governo Dilma Rousseff. Além disso, fatores como a redução no impulso fiscal e o esfriamento da economia externa também impactam o crescimento econômico.
Apesar disso, o relatório aponta uma melhora nas perspectivas para setores menos sensíveis ao ciclo econômico, como a agropecuária e a produção de petróleo, com uma projeção mais otimista para a produção agrícola e o setor de energia. Em contrapartida, o BC prevê uma queda significativa no consumo das famílias e nas importações.
Agropecuária deve liderar o crescimento do PIB
A revisão para baixo no crescimento do PIB reflete, principalmente, o desempenho abaixo do esperado para a indústria e os serviços no quarto trimestre de 2024. Entretanto, o setor agropecuário deve ser o grande destaque, com a previsão de expansão passando de 4% para 6,5%, impulsionada por uma estimativa mais favorável para a produção agrícola, especialmente para grãos. O relatório também menciona uma expectativa de safra recorde de soja, que será colhida no início do ano.
A indústria, por sua vez, viu sua projeção de crescimento cair de 2,4% para 2,2%. Essa redução está relacionada à expectativa de um ritmo de crescimento mais lento ao longo do ano, com desaceleração já no primeiro trimestre. No entanto, o setor de indústria extrativa tem uma previsão mais otimista, devido às perspectivas positivas para a produção de petróleo, e a construção civil também deve registrar desempenho melhor, devido a uma surpresa positiva no quarto trimestre de 2024.
A projeção para o setor de serviços também foi ajustada para baixo, passando de 1,9% para 1,5%, impactada por uma redução ou estabilidade na maioria das sete atividades que compõem esse segmento. As mudanças refletem as surpresas negativas observadas no quarto trimestre de 2024, além da expectativa de um crescimento mais modesto ao longo de 2025.
Expectativa de crescimento do PIB no curto prazo
Quanto à trajetória do PIB ao longo de 2025, o Banco Central projeta um crescimento mais robusto no primeiro trimestre, após uma alta modesta no final de 2024, e relativa estabilidade nos trimestres subsequentes. O desempenho positivo no primeiro trimestre será impulsionado pela forte alta na agropecuária, pelo aumento do salário mínimo e pela liberação de recursos extras do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), fatores que devem contribuir para uma aceleração da atividade econômica.
No entanto, o crescimento projetado para o primeiro trimestre, especialmente se excluído o setor agropecuário da conta, parece sensível ao ajuste sazonal, conforme alertado pelo relatório do Banco Central.
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