O dólar começou esta sexta-feira, 17, em alta, sendo cotado, às 10h49, a R$ 4,0823, com valorização de 1,17%. O conturbado cenário político no Brasil deve continuar afetando o mercado esta sexta-feira, 17, em meio à cautela no exterior. Na quinta-feira, 16, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,0357, no maior valor desde setembro de 2018, e a Bolsa caiu 1,75%, chegando aos 90.024 pontos.
O desânimo dos investidores com o Brasil voltou a conduzir os negócios na B3, que chegou à minima de 89.694,96 pontos. Às 10h49, porém, subia 0,26%, aos 90.260,54 pontos.
Além dos temores sobre a evolução da reforma da Previdência, o quadro internacional não deve favorecer os ganhos nas bolsas. As preocupações com disputa comercial entre China e Estados Unidos e o temor de uma eventual saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo deixam os investidores na defensiva no exteiro, o que se reflete também na Bolsa brasileira.
Se essa dinâmica negativa for confirmada, Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença DTVM, não descarta a possibilidade de o Ibovespa voltar a ser negociado perto de 80 mil pontos ainda nesta sexta. "Aqui está tudo ruim quanto ao político e ao econômico. A reforma da Previdência não tem avançado e o lado corporativo também não ajuda, além do exterior. Podemos voltar para os níveis de setembro e outubro de 2018", diz.
Em 3 de outubro do ano passado, o índice à vista atingiu 81.622,97 na mínima do dia, enquanto no dia 28 de setembro a máxima foi de 80.000,09, tendo fechado em 79.342,43 pontos.
"Há preocupação com a governabilidade e a reforma da Previdência pela falta de articulação política do governo Bolsonaro e a proximidade do fim do primeiro semestre sem que nada importante de fato tenha sido entregue. Falta comunicação saudável e discurso coeso no governo, sem isso, qual o interesse do investidor em trazer dinheiro para cá, não há", diz Italo Abucater, gerente de câmbio da Tullet Prebon Brasil.
Incerteza política
Após uma semana de muitos ruídos envolvendo Jair Bolsonaro e sua família e de protestos nas ruas contra cortes no orçamento da Educação, o investidor deve colocar de novo, na próxima semana, o foco na discussão da reforma da Previdência na Comissão Especial da Câmara.
O governo, que tem mostrado dificuldade em articular apoio à proposta, corre contra o relógio para aprovar o texto antes do recesso de julho e, com isso, tentar conter a piora das expectativas em relação à economia.
No radar devem seguir as investigações sobre as suspeitas de lavagem de dinheiro envolvendo o senador Flávio Bolsonaro, diante da quebra do seu sigilo bancário, e agora também atingindo ex-assessores do vereador Carlos Bolsonaro.
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