O Brasil registrou, em 2024, um recorde de pedidos de recuperação judicial, superando o índice de 2016, até então o pior da série histórica. De janeiro a outubro do ano passado, foram 1.927 solicitações, e as projeções indicam que o número poderá ultrapassar os 2.200 pedidos, conforme dados do Serasa . O panorama aponta para fatores como as altas taxas de juros, a inflação e o aumento da inadimplência, além de dificuldades específicas em setores como o agronegócio, principalmente entre produtores rurais no regime de pessoa física.
Especialistas apontam que o crescimento no número de pedidos está diretamente relacionado a um ambiente econômico desafiador, com expectativas de inflação ainda elevada e a possibilidade de novas altas na taxa Selic, atualmente em 12,25%. Outros desafios para 2025 incluem o crescimento moderado do PIB, projetado em 2%, e fatores externos, como a guerra na Ucrânia e a desaceleração econômica da China, que impactam a economia brasileira.
Os problemas estruturais do país também contribuem para o aumento das dificuldades financeiras. O desequilíbrio fiscal, com os gastos públicos crescendo a um ritmo superior às receitas, é uma preocupação constante para os analistas. A eficácia do novo arcabouço fiscal será determinante para a sustentabilidade das contas públicas, o que, por sua vez, pode afetar o cenário econômico e a capacidade das empresas de se manterem no mercado.
Com a projeção de um ano de 2025 ainda conturbado, o número de pedidos de recuperação judicial deve seguir em alta, atingindo diversos setores, como aviação, agroindústria, varejo e o setor sucroalcooleiro. A alta do dólar tem pressionado custos e dificultado o repasse para os consumidores, aumentando a vulnerabilidade dessas áreas, que já enfrentam dificuldades estruturais e financeiras.