A equipe econômica do Governo Lula (PT) registrou um aumento na arrecadação de impostos no mês de janeiro. No entanto, especialistas do mercado temem que isso seja visto como uma “licença para gastar”, o que pode agravar ainda mais a dívida pública. Isso porque o saldo positivo na receita está longe de equilibrar as contas do governo.
O medo dos especialistas acabou se concretizando, pois logo após o resultado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já começou a falar em “aumentar o limite de gastos”, que é definido pelo arcabouço fiscal.
A professora da Fundação da Getúlio Varfas (FGV-RJ), Cristiane Schmidt, alertou que, a longo prazo, a tendência é que a dívida pública só piore. “A perspectiva geral não é boa. Quando olhamos o indicador mais importante para a solvência do governo no médio e longo prazo, a dívida pública sobre o Produto Interno Bruto (PIB), vemos que ela não para de crescer”, afirmou a professora.
Embora essa despesa tenha registrado uma queda em 2021 e 2022, no ano de 2023 ela subiu quase três pontos percentuais, alcançando 74,3% do PIB. Em janeiro de 2024, essa dívida já alcançou 75% do PIB, o maior desde julho de 2022.
Dívida vai continuar crescendo
Segundo apontado pelo Banco Central (BC), o setor público ficou com saldo negativo em R$ 246 bilhões, em resultado primário do mês de janeiro que avaliou o acumulado dos últimos 12 meses. Esse número é apenas um pouco menor do que o registrado em 2020, na época em que os gastos aumentaram por conta do combate à pandemia do covid. Nessa época, o saldo era de R$ 249,1 bilhões negativo.
Sobre os gastos financeiros com a dívida, os juros registraram o maior valor da história, com acumulado de R$ 746 bilhões. Esses juros foram pagos com novas dívidas, já que o governo não economizou dinheiro.
Conforme divulgado pela corretora XP, a expectativa é que a dívida pública atinja 77% do PIB em 2024, 78% em 2025 e 81,4% em 2026. Outros 30 brancos criam um cenário ainda pior: 77,8% em 2024, 80% em 2025 e 82,5% em 2026.