Na última terça-feira, a agência de classificação de riscos Moody's anunciou uma revisão da avaliação sobre a dívida pública da China, colocando-a em perspectiva negativa. Esta decisão levanta preocupações sobre as vulnerabilidades internas da segunda maior economia do mundo, destacando a complexa situação econômica chinesa.
Um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) revelou que a dívida pública chinesa é substancialmente maior do que se estimava anteriormente. Enquanto as autoridades de Pequim divulgavam dados fiscais referentes principalmente à dívida do governo central e às registradas no orçamento das autoridades locais, o FMI utilizou uma metodologia mais abrangente. Esse método incluiu o governo central, autoridades locais e várias entidades estatais, resultando em uma visão mais completa dos passivos do setor público chinês.
Os números recalculados pelo FMI indicam que, em 2021, a dívida chinesa atingiu 101% do Produto Interno Bruto (PIB), muito acima dos 47% informados pelo governo. Projeções futuras indicam um aumento preocupante, atingindo 167% do PIB até 2031.
Esse panorama desafiador explica, em parte, a relutância do governo chinês em lançar programas massivos de estímulo econômico, uma estratégia utilizada em crises anteriores. Recursos públicos estão sendo drenados para cobrir déficits crescentes, alimentados por gastos militares e investimentos em infraestrutura questionáveis, em meio à ausência de um sistema de bem-estar social desenvolvido.
O relatório do FMI também destaca a ineficiência crônica da economia chinesa, evidenciada pelo declínio da produtividade total dos fatores e da eficiência das empresas públicas. Setores-chave da economia, especialmente as empresas estatais, enfrentam excesso de capacidade produtiva e distorção no uso de recursos, contribuindo para uma situação de deflação.
Especialistas alertam que a China, atualmente caracterizada por "inflação baixa, crescimento econômico limitado e taxas de juros baixas", pode enfrentar um cenário semelhante ao do Japão na década de 1990, marcado por desafios econômicos persistentes.
O colapso de gigantes da construção, como Country Garden e Evergrande, é visto como apenas a ponta do iceberg, revelando uma crise econômica mais ampla que demanda atenção imediata. A China, que historicamente experimentou um crescimento robusto, agora enfrenta um período de incerteza e desafios, à medida que sua economia enfrenta questões estruturais e financeiras complexas.