O Sindicato dos Enfermeiros, Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do Estado do Piauí (SENATEPI) relatou que as unidades de saúde em todo o estado não estão disponibilizando quantidades suficientes de sistema de aspiração fechado, equipamento imprescindível para a segurança hospitalar, principalmente no contexto de pandemia de coronavírus. Ainda segundo a entidade, em cada plantão foi reduzida a quantidade de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os profissionais, como gorros, máscaras N95, luvas, aventais descartáveis e óculos protetores. O GP1 conversou nesta quinta-feira (19) com o presidente do SENATEPI, Erick Riccely, que apresentou maiores detalhes da situação.
A questão mais crítica, conforme o sindicato, é em relação aos sistemas de aspiração fechado, utilizados na remoção de secreções existentes nas vias aéreas inferiores, por meio de um aspirador ligado ao sistema de vácuo. “Não tem o sistema de aspiração fechado, esse sistema não tem em nenhuma UTI [Unidade de Terapia Intensiva] do Piauí. Para não aumentar o problema do paciente e não aumentar também a disseminação [de qualquer vírus] você o entuba logo e coloca esse sistema fechado, que aspira [a secreção ] o paciente quantas vezes for necessário, sem precisar desconectá-lo do tubo, para não contaminar o ambiente”, explicou o profissional.
Erick Riccely afirmou que todas as UTIs do Estado possuem poucas quantidades do referido instrumento. “Falta em todas as UTIS do Estado do Piauí, por uma questão de falta de previsão, está em tempo ainda de resolver esse problema, mas depois que a quantidade de contaminados aumentar significativamente será em vão”, declarou.
Em relação aos equipamentos de proteção individual, o presidente do SENATEPI revelou que em algumas unidades, como o Hospital de Urgência de Teresina (HUT), as máscaras de proteção são insuficientes, assim como o álcool em gel, que não está sendo disponibilizado, segundo ele.
“Primeiro limitaram a quantidade de máscaras comuns, aquela máscara que não protege, mas pelo menos ajuda. São três mascaras para cada plantão de 12 horas. Lá não tem a máscara N95, está em falta para todos os profissionais. Quanto ao álcool em gel, todos os profissionais se aglomeram na batida do ponto, na entrada e na saída, é um local onde nunca disponibilizam álcool em gel, então todo mundo põe o dedo no mesmo local”, colocou.
De acordo com o enfermeiro, não se pode limitar a quantidade de máscaras, sobretudo as de menor proteção. “O ideal é que não tenha limitação, porque toda vez que se ajusta a máscara no rosto, está contaminando essa máscara, e se ela permanecer por muito tempo, cria uma colônia [de bactérias] ao redor da boca”, reclamou.
O sindicato já notificou o Estado do Piauí e alguma prefeituras, para que sejam tomadas as providências necessárias. “Notificamos o governo do Estado e algumas prefeituras, não só pela questão de fornecer o equipamentos de proteção, mas sobre a licença para os profissionais que fazem parte do grupo de risco, gestantes, profissionais com mais de 60 anos, que têm doenças respiratórias crônicas, diabéticos, que devem ser substituídos por pessoas contratadas que não façam desse grupo mais vulnerável. Agendaram uma reunião conosco para o dia 23 de março”, finalizou o presidente do SENATEPI.
Outro lado
O GP1 entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesapi), que por meio de sua assessoria ficou de encaminhar posicionamento, o que não foi feito até a publicação desta matéria.
A Fundação Municipal de Saúde (FMS) também foi procurada, e enviou nota de esclarecimento, informando que até o momento o HUT não possui caso suspeito de covid-19 internado, e que na realidade estão sendo disponibilizadas seis máscaras por plantão, rebatendo assim a informação do sindicato.
Leia a nota na íntegra:
A direção do Hospital de Urgência de Teresina (HUT) esclarece que até o momento não existe nenhum caso suspeito de COVID 19 internado. A quantidade de máscaras disponibilizadas por profissional (seis por plantão de 12 horas) está em conformidade com orientação técnica da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Estudos científicos comprovam que a máscara cirúrgica, apresenta diminuição da eficiência de barreira a partir de quatro horas de uso. Portanto, seis máscaras por plantão de 12 horas são suficientes para promover uma assistência segura para o paciente preservando a integridade de nossos servidores. Ratificamos que todos os EPIs necessários para atendimento dos pacientes são fornecidos, a depender da indicação do caso, seguindo os protocolos da ANVISA e OMS. Vale ressaltar que nesse período de crise o uso racional dos insumos é crucial para que se mantenha o serviço funcionando a contento.
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