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Mensagens mostram ordem de Moraes para 'endurecer' contra o X, diz jornal

A conversa entre juízes e assessores de órgão do TSE foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo.

Uma troca de mensagens entre auxiliares do ministro Alexandre de Moraes, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostram que o magistrado deu ordens para o 'endurecimento' contra a rede social X logo após a plataforma ser adquirida pelo bilionário Elon Musk. O conteúdo foi divulgado nesta quarta-feira (04) pelo jornal Folha de S. Paulo.

Em março de 2023, houve o primeiro atrito entre a rede social e o ministro Alexandre de Moraes, em relação a publicações que não estão diretamente ligadas com assuntos de competência do TSE. O embate, que dura até hoje, acarretou a suspensão do X no Brasil.

No ano de 2022, a Corte Eleitoral firmou parceria com diversas plataformas online para que, por meio de alertas, recomendasse a exclusão de conteúdo que, avaliados internamente pelo tribunal, fossem consideradas publicações que espalhavam 'discurso de ódio'.

Já depois da eleição, assim que Musk assumiu o comando da rede social, o empresário passou a não acatar os pedidos feitos pelo ministro. O juiz auxiliar de Moraes no TSE, Marco Antônio Vargas, e integrantes da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do mesmo tribunal, participavam de um grupo no Whatsapp onde chegaram a tratar das ordens feitas pelo então presidente do TSE.


“Então vamos endurecer com eles. Prepare relatórios em relação a esses casos e mande para o inq [inquérito] das fake [news]. Vou mandar tirar sob pena de multa”, diz Moraes em um áudio encaminhado por Vargas no grupo.

A partir daí, decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) ensejaram a aplicação de multas e ordens para retirada de publicações e perfis do X. O ministro Alexandre de Moraes e o STF ainda não se manifestaram sobre o assunto.

Uso da máquina do TSE

Anteriormente, a Folha de S. Paulo já havia veiculado uma série de reportagens em que foi exposto o uso da AEED por Moraes para produzir, de forma extraoficial, o inquérito das fake news em que ele é relator no STF.

Troca de mensagens em março de 2023

Nas primeiras horas do dia 17 de março de 2023, o juiz auxiliar Marco Antônio Vargas mandou a publicação de uma mulher sobre a soltura de presos pelos ataques golpistas do 8 de janeiro. “Foi o ‘Tribunal Internacional’. O Mula, Xandão e esse governo usurpador estão sendo acusados de crimes contra a humanidade (prisões, ilegais, tortura, campos de concentração, mortes, etc.)”, diz trecho da postagem.

Em seguida, uma mensagem de Vargas pede aos integrantes do grupo o contato de alguém do Twitter. Uma servidora da AEED responde com o telefone de uma pessoa de nome Hugo, ou seja, Hugo Rodríguez, que na época representava a rede social na América Latina]. Depois, outro servidor do órgão de combate à desinformação, Frederico Alvim, se colocou para falar com a plataforma.

“Vc [sic] pode ver com ele para que façam uma análise de postagens dessa natureza?”, questionou o magistrado.

Frederico Alvim responde: “Sim. A ideia seria aumentar um pouquinho o escopo da parceria, para que questões como essa possam ser enviadas pelo sistema de alertas, obtendo tratamento?”.

Ao explicar sobre a atuação da plataforma, o servidor explicou como era a moderação de conteúdo na rede social, e o que precisaria ser feito para que publicações como aquela fossem excluídas. “Acho que reivindicar uma alteração formal da política seria muito mais demorado e dificultoso, porque dependeria da boa vontade do time global, agora subordinado ao Musk. Creio que a saída mais fácil seria pedir uma calibração da interpretação da política já existente”, falou o servidor do órgão de combate à desinformação.

Nessa mesma troca de mensagens, ele também afirmou as dificuldades que o órgão poderia enfrentar com o magnata a frente da plataforma. Depois da reunião com o representante, o resultado não foi o esperado pela equipe de Moraes. Agora, para que publicações contra o ministro fossem bloqueadas ou excluídas, seria necessária uma “atuação judicial”.

Diante disso, o combate à desinformação seria jeito através das “notas de comunidade”. A resposta do ministro Alexandre d Moraes não tardou a chegar. “Então vamos endurecer com eles. Prepare relatórios em relação a esses casos e mande para o inq das fake. Vou mandar tirar sob pena de multa”, disse o então presidente do TSE.

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