Nesta segunda-feira, 10, a Jovem Pan anunciou o afastamento de Vitor Brown do programa "Os Pingos nos Is". O jornalista atuava como âncora do programa desde 2020, mas agora foi colocado em "geladeira" pela emissora. A decisão ocorreu logo após a demissão de Adriana Reid, uma das apresentadoras do Jornal da Manhã.
Na ausência de Vitor Brown, o programa foi conduzido por Daniel Caniato, que já vinha substituindo o jornalista em ocasiões anteriores.
Essa mudança no quadro de apresentadores da Jovem Pan ocorre em um momento delicado para a emissora, que está enfrentando questões legais. Há duas semanas, o Ministério Público Federal entrou com uma ação civil pública buscando a cassação de três concessões de radiodifusão concedidas à Jovem Pan.
A ação movida pelo MPF acusa a emissora de se alinhar a uma campanha de desinformação que ocorreu no país ao longo de 2022 e início de 2023, com a veiculação sistemática de conteúdos que atentavam contra o regime democrático. O MPF alega que essas condutas violam a Constituição e a legislação que regula o serviço público de transmissão em rádio e TV.
Além do pedido de cancelamento das concessões, o MPF solicita que a Jovem Pan pague uma indenização de aproximadamente R$ 14 milhões por danos morais coletivos, correspondendo a 10% dos ativos apresentados no balanço mais recente da emissora.
Outra exigência feita pelo MPF é que a Jovem Pan veicule, pelo menos 15 vezes por dia, durante quatro meses, mensagens com informações oficiais sobre a confiabilidade do processo eleitoral. Essas inserções devem ter de dois a três minutos de duração e conter dados fornecidos pela União.
Além disso, o MPF busca impedir que a emissora apague conteúdos de seu canal no YouTube. Para isso, foi solicitado à Justiça que determine à empresa que disponibilize em nuvem um link contendo a íntegra de todos os vídeos publicados pela Jovem Pan na plataforma durante o período abordado na ação. O órgão também requer informações sobre o número de visualizações, uma vez que o conteúdo disponibilizado no YouTube geralmente é o mesmo transmitido nas transmissões de rádio da emissora.
Por fim, o MPF emitiu uma recomendação à Controladoria-Geral da União, solicitando a instauração de um processo administrativo que pode impedir a Jovem Pan de celebrar contratos com a Administração Pública federal.
A Jovem Pan enfrenta, assim, um cenário desafiador, com mudanças em sua equipe de apresentadores e ações legais que questionam suas práticas e comprometem sua relação com o poder público. O desenrolar desses acontecimentos será acompanhado de perto por aqueles que acompanham a emissora.
Ver todos os comentários | 0 |