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Boeing vê Brasil na liderança de combustível sustentável

Para companhia americana, produção brasileira deve atender tanto mercado interno como externo.

O setor aéreo traçou metas ousadas para reduzir as emissões de carbono nas próximas décadas e, para alcançar esse objetivo, as empresas consideram essencial a ampla adoção do combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês). Neste contexto, a americana Boeing acredita que o Brasil pode ser um dos grandes protagonistas na produção do insumo, não só para o abastecimento do mercado interno como também para atender a pedidos de exportação.

De acordo com o vice-presidente da Boeing para América Latina e Caribe e diretor-geral da companhia no Brasil, Landon Loomis, o País tem um papel de liderança “óbvia” neste cenário. “O Brasil desenvolveu seu próprio combustível na década de 1970 com a crise do petróleo. É o segundo maior produtor de biocombustível do mundo, maior que os próximos oito combinados. É disso que precisamos na corrida pelo SAF”, disse o executivo, em entrevista ao Estadão.


Ele afirma que, embora a companhia esteja trabalhando em projetos de aeronaves elétricas e a hidrogênio, metade das emissões dos voos ao redor do mundo vem de rotas de longo curso, que não são candidatas a esse tipo de tecnologia. “Esta não é uma posição só da Boeing, é do setor. Como tirar o carbono do sistema? Com SAF, mas hoje menos de 2% dos voos no mundo são feitos com o combustível, o problema é a escala.”

Loomis relata que a Boeing vem trabalhando com SAF há cerca de 10 anos no Brasil, patrocinando projetos de universidades e entidades ligadas à pesquisa. “O País poderia produzir oferta suficiente para toda a sua demanda doméstica e ainda exportar.”

Conforme o executivo, a companhia se comprometeu a certificar aviões para operar com 100% SAF até 2030, embora ele admita que não haverá oferta suficiente no mundo para que todos os aviões rodem com o combustível. Neste sentido, a Boeing vem trabalhando junto à Federal Aviation Administration (FAA, a agência de aviação dos EUA) para garantir que todas as aeronaves possam rodar integralmente com o combustível sustentável ao fim da década.

“Existe um limite regulatório de 50% ao redor do mundo. Estamos trabalhando para ampliar esse índice para 100%.”

Alta do petróleo força renovação de frota

Enquanto as companhias aéreas tentam recuperar margens e recompor a taxa de ocupação, as fabricantes de aeronaves buscam estimular a renovação da frota, tendo como pano de fundo o aumento das cotações do petróleo depois da guerra na Ucrânia. “Com o desafio do aumento de preços dos combustíveis, as aéreas precisam de produtos mais eficientes”, diz o vice-presidente da Boeing para América Latina e Caribe e diretor-geral da companhia no Brasil, Landon Loomis.

Por outro lado, um efeito colateral da guerra – que se soma aos impactos da pandemia – é o aumento substancial dos preços dos insumos. O executivo não comenta negociações com clientes e fornecedores, mas afirma que a companhia está em contato constante com empresas da cadeia de suprimentos para administrar essa situação. Ele afirma ainda que esta não é a primeira vez que a companhia precisa lidar com uma crise ligada à Rússia.

“O titânio é um componente crítico para nós, mas desde a última invasão à Ucrânia (Crimeia), em meados de 2014, iniciamos um processo de não depender mais do insumo proveniente da Rússia”, afirmou ele.

Em sua avaliação, as projeções de retomada do setor vão se confirmar. “Os preços do combustível são uma parte importante dos custos dos nossos clientes, é um desafio com que eles precisam lidar, mas sempre operamos em um cenário de desafios.” Ele lembra que, antes da pandemia, o setor transportava 4,5 bilhões de passageiros. “Em 2050, teremos 10 bilhões de passageiros globalmente, vamos continuar crescendo.”

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