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Bolsonaro nomeia e dá posse a novo chefe da PF em 20 minutos

Sem divulgação antecipada nem convidados, a pequena cerimônia durou apenas 20 minutos no gabinete de Bolsonaro no Palácio do Planalto.

Em uma estratégia de blindar uma eventual medida do Supremo Tribunal Federal, o presidente Jair Bolsonaro deu posse às pressas ao novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza, na manhã desta segunda-feira, 4. Sem divulgação antecipada nem convidados, a pequena cerimônia durou apenas 20 minutos no gabinete de Bolsonaro no Palácio do Planalto. Na semana passada, uma decisão do ministro Alexandre de Moraes impediu que Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Investigação (ABIN), assumisse o comando da PF.

A posse de Rolando ocorreu às 10h, cerca de meia hora depois de a nomeação ter sido publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU). A atualização da agenda do presidente só foi divulgada após o encerramento da cerimônia. Estiveram presentes sete ministros, entres os quais André Luiz Mendonça, da Justiça e Segurança Pública.


  • Foto: Divulgação/Palácio do PlanaltoO presidente Jair Bolsonaro durante assinatura do Termo de Posse de Rolando Alexandre de SouzaO presidente Jair Bolsonaro durante assinatura do Termo de Posse de Rolando Alexandre de Souza

Alexandre Ramagem não esteve presente. Ao chefe da Abin, é atribuída a indicação de Rolando, considerado o seu braço direito, para o comando da PF. Como mostrou o Estado no sábado, a nomeação de Rolando é vista como uma alternativa do presidente para manter a influência de Ramagem, que é próximo à família Bolsonaro, na Polícia Federal.

Rolando, que é ex-secretário de Planejamento e Gestão da Abin, deixou o Palácio do Planalto por volta das 11h30 e não quis falar com a imprensa. Disse apenas para a sede da Polícia Federal. “Assinei o termo de posse. Estou indo lá para a PF”, disse ao ser abordado por repórteres.

Segundo o Estado apurou, o presidente está preocupado com o avanço do inquérito das ‘Fake News’, que poderia atingir seus filhos e até mesmo servidores que atuam no chamado ‘gabinete do ódio’. A investigação já identificou empresários bolsonaristas que estariam financiando ataques contra ministros do Supremo nas redes sociais, conforme revelou o Estado.

Há ainda outro inquérito aberto por determinação do ministro do STF, Alexandre de Moraes, para apurar ‘fatos em tese delituosos’ envolvendo a organização de atos antidemocráticos, após Bolsonaro participar de protesto em Brasília convocado nas redes sociais com mensagens contra o STF e o Congresso.

Outra apreensão do presidente é a apuração sobre o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) que trata de um esquema de ‘rachadinha’ em seu antigo gabinete, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. O caso foi revelado pelo Estado.

Rolando estava na Superintendência da Polícia Federal em Alagoas até setembro do ano passado, quando assumiu a secretaria de Planejamento e Gestão da Abin a convite de Ramagem. Antes de ser vetado no comando da PF, o chefe da agência de inteligência já montava sua equipe na cúpula da instituição e levaria Rolando com ele.

Por sua vez, Ramagem foi segurança de Bolsonaro durante a campanha eleitoral e entrou para o rol de auxiliares de confiança do Planalto com o apoio do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). A sua nomeação para a direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em julho de 2019, é atribuída ao filho do presidente.

Bolsonaro foi alertado que nomear Ramagem para chefiar a PF potencializaria as acusações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, que ao se demitir disse que o presidente queria fazer interferência política na Polícia Federal e ter acesso a relatórios de inteligência. Entretanto, insistiu e a nomeação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 27 de abril, junto com a confirmação de Mendonça, ex-Advocacia-Geral da União, para o Ministério da Justiça.

Poucas horas antes da cerimônia de posse no Palácio de Planalto na quarta-feira, 29, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a nomeação de Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal. A decisão liminar atendeu a um pedido apresentado pelo PDT após o governo baixar decreto confirmando a indicação.

De acordo com Moraes, as declarações de Moro sobre tentativa de interferências na autonomia da corporação, a divulgação de mensagens trocadas com o ex-ministro e a abertura do inquérito no próprio Supremo para investigar as acusações motivam a necessidade de impedir a posse de Ramagem.

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