Os dois clientes da Shell que compraram os tambores encontrados com a borra de petróleo suspeita de contaminar as praias de toda a região Nordeste serão acionadas pela Marinha e Polícia Federal para que prestem informações.
Conforme revelado ontem pelo Estado, a Shell, fabricante e dona original dos tambores de lubrificantes, encaminhou ao governo brasileiro dados de dois compradores dos produtos encontrados no Brasil. A primeira é a empresa Hamburg Trading House FZE, uma distribuidora baseada nos Emirados Árabes, que adquiriu 20 tambores do lote encontrado na costa brasileira. O segundo cliente é a empresa Super-Eco Tankers Management, baseada em Monrovia, na Libéria, na África Ocidental, que comprou cinco tambores do lote da Shell.
As informações sigilosas da Shell foram encaminhadas na tarde desta quinta-feira, 17, ao governo brasileiro. O objetivo neste momento é avançar na trilha logística do produto, para apurar os possíveis responsáveis pelo desastre sem precedentes no mar brasileiro.
A Shell confirmou que os tambores usados para armazenar lubrificantes, e não petróleo, foram produzidos e comercializados por empresas do grupo Shell localizadas na Europa e no Oriente Médio. O governo ainda investiga se o material da empresa é o mesmo que polui 187 pontos da costa brasileira desde o fim de agosto.
O lote de tambores, que tem data de 17 de fevereiro de 2019, foi produzido em Dubai pela Shell Markets. Depois, esses tambores foram comercializados por outra empresa do grupo, a Shell Eastern Trading (SET) no Porto dos Emirados Árabes. As informações foram enviadas à Shell Brasil por meio da SET. A companhia declarou que a Super-Eco Tankers Management, que comprou cinco tambores, “potencialmente opera em águas brasileiras”. A distribuidora dos Emirados Árabes, na avaliação da empresa, é menos provável que passe pela costa do Brasil.
A multinacional informa ainda, no documento, que a identificação do produto no tambor como “Argina S3-30” é produzido e comercializado em vários países. Foi por meio do código do tambor iniciado com o número “55”, que a empresa identificou que se trata de produtos produzidos na Europa e no Oriente Médio.
No documento, a Shell informa que o primeiro tambor encontrado com a logomarca da empresa “não foi produzido ou comercializado pela Shell Brasil” e que se trata, efetivamente, de um “produto líquido límpido, de coloração âmbar”, diferente do que está invadindo o litoral do Nordeste.
No momento da venda dos lotes, afirma a empresa, houve “transferência de titularidade e custódia do produto e da sua embalagem pela SET ao cliente e ao distribuidor”. Por isso, alega a SET, empresa do grupo Shell, que a informação encaminhada sobre detalhes dos lotes e seus compradores “não indica necessariamente que tais empresas (cliente e distribuidor) sejam proprietários ou possuidores dos tambores investigados”.
NOTÍCIAS RELACIONADAS
Bolsonaro insinua que óleo poderia ser ação para prejudicar leilão
Governo Federal é cobrado por plano contra avanço de óleo no litoral
Óleo é detectado em tartarugas encontradas mortas no litoral do Piauí
Ver todos os comentários | 0 |