A denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Jair Bolsonaro (PL) utiliza como base, entre outros, a delação de Mauro Cid para incriminar o ex-presidente. No entanto, a peça omite trechos dos depoimentos do ex-ajudante de ordens que poderiam relativizar as acusações.
Assinada por Paulo Gonet , procurador-geral da República, a peça aponta o envolvimento direto ou indireto de Bolsonaro em alguns episódios cruciais, como o monitoramento e o plano para prender ou matar o ministro Alexandre de Moraes, a avaliação de minutas de um decreto que poderia impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o suporte e o financiamento da manifestação em frente ao Quartel General do Exército e o conhecimento ou o estímulo às invasões de 8 de janeiro de 2023.
No entanto, o procurador não menciona na peça declarações do ex-ajudante de ordens nas quais ele afirma não saber se Bolsonaro tinha conhecimento do plano golpista de 2022, que previa impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, em diferentes momentos, Cid minimiza reuniões de militares que a PGR aponta como parte da conspiração.
Demais pontos omitidos pela PGR na denúncia contra Bolsonaro
A versão de Cid, omitida na denúncia, é que ele não sabe se Bolsonaro teve conhecimento do plano, denominado Punhal Verde Amarelo. “Eu não tenho ciência se o presidente sabia ou não do plano que foi tratado, do Punhal Verde Amarelo, e se o general Mário levou esse plano para ele ter ciência ou não”.
Segundo Cid, Bolsonaro solicitou o monitoramento estaria irritado com encontros entre Moraes e o então vice-presidente, Hamilton Mourão. O que diz Mauro Cid: “Um deles [objetivo] é que ele [Bolsonaro] recebeu a informação que o general Mourão estaria se encontrando com ele [Moraes] em São Paulo, então foi uma maneira de verificar se essa informação era verdade ou não...”.