O tenente da PM de São Paulo, Giovanni de Oliveira Garcia , de 32 anos, foi preso nesta quinta-feira (16), juntamente com mais quatro policiais militares, envolvidos na segurança particular do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), Vinícius Gritzbach . O grupo estava encarregado da escolta de Gritzbach, que foi assassinado em novembro do ano passado, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Além do tenente, outros policiais militares, incluindo o autor dos disparos que mataram Gritzbach, também foram detidos na operação da Corregedoria da Polícia Militar.

Garcia, conhecido como "Chefinho" entre os colegas, ingressou na corporação em 2014 e alcançou o posto de tenente após concluir o curso de formação na Academia do Barro Branco. O oficial, que foi transferido para o 23º Batalhão da PM, é apontado como responsável pela organização de um esquema ilegal de segurança particular envolvendo policiais militares, principalmente em regiões nobres de São Paulo, como o Itaim Bibi e a Faria Lima. Ele intermediava o contato entre PMs interessados e o cliente, Gritzbach, oferecendo escoltas para o delator do PCC.

Foto: Divulgação/PM
Tenente Giovanni de Oliveira Garcia, preso acusado de envolvimento com PCC na morte de Gritzbach

De acordo com depoimentos à Corregedoria, o soldado Adolfo Oliveira Chaves foi escalado por Garcia para trabalhar na segurança de Gritzbach e sua família por cerca de dez meses, mas desistiu do serviço ao descobrir que o delator tinha envolvimento com o PCC. Mesmo assim, Adolfo aceitou voltar ao trabalho, motivado pela dificuldade financeira. Outros PMs, como Jefferson Silva Marques de Souza e Samuel Tillvitz da Luz, também atuaram na segurança particular de Gritzbach, sendo escalados pelo tenente Garcia para prestar o serviço de forma ilegal.

O soldado Samuel Tillvitz da Luz, por exemplo, acompanhou Gritzbach e sua namorada em uma viagem ao Nordeste em dezembro de 2023. Ele confessou ter levado sua arma de serviço durante a viagem e relatou que não reagiu ao ataque que resultou na morte de Gritzbach, ao ser alvo de 29 tiros de fuzil no aeroporto. O PM alegou que agiu para proteger sua própria vida, sem saber que o cliente estava envolvido com atividades criminosas.

A operação Prodotes, que resultou na prisão de 13 pessoas, teve início após uma denúncia anônima em março de 2024, apontando o vazamento de informações da Polícia Militar que favoreciam membros do PCC. Investigações revelaram que policiais militares, incluindo da ativa, da reserva e ex-integrantes, vazavam dados estratégicos para a facção, permitindo que seus líderes e integrantes evitassem prisões e prejuízos financeiros. A operação busca identificar outros envolvidos e possíveis mandantes do crime.

Vinícius Gritzbach, que era acusado de envolvimento com o crime organizado e de ser jurado de morte pelo PCC, foi executado em 8 de novembro de 2024. Ele havia colaborado com as investigações, revelando detalhes sobre lavagem de dinheiro e extorsões realizadas por policiais.