O ministro da Fazenda, Fernando Haddad , anunciou nesta quarta-feira (28) que o presidente Lula vai indicar o economista Gabriel Galípolo , 42 anos, para a presidência do Banco Central (BC). Galípolo, que atualmente ocupa o cargo de diretor de Política Monetária no órgão desde julho de 2023, substituirá Roberto Campos Neto , que está no comando do BC desde fevereiro de 2019 e foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Gabriel Galípolo é um aliado próximo de Haddad e, mesmo como diretor de Política Monetária do BC, frequentou o Ministério da Fazenda em reuniões fora dos compromissos oficiais. A relação entre os dois antecede a disputa eleitoral de 2022, quando escreveram juntos um artigo em defesa da “moeda sul-americana”. Em maio de 2024, uma reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) com votos polarizados aumentou a preocupação dos agentes econômicos sobre a influência do governo Lula nas decisões de política monetária.
Durante essa reunião, Galípolo e outros três indicados pelo governo votaram por um corte maior na Selic, enquanto outros quatro diretores e o presidente Campos Neto optaram por uma redução menor. Esse racha foi visto como um sinal de que o Banco Central de Lula seria mais leniente com a inflação alta. No entanto, as preocupações diminuíram quando Galípolo e os outros três diretores acompanharam os colegas mais antigos na reunião seguinte.
Recentemente, o PT criticou Galípolo por não descartar totalmente a alta da Selic. Atualmente, a taxa básica de juros está em 10,5% ao ano, e o Banco Central manteve esse patamar pela segunda reunião consecutiva em julho de 2024. A autoridade monetária trabalha com a possibilidade de subir os juros para controlar as expectativas de inflação, que, segundo o Boletim Focus, está estimada em 4,25%, próximo do teto permitido pela meta.
Em abril de 2022, Galípolo participou de um jantar com empresários ao lado da deputada e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para amenizar a tensão entre a congressista e o empresariado. O então coordenador do grupo técnico e atual presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, convidou Galípolo para participar da equipe de infraestrutura da transição.