A Polícia Federal está há quase nove meses sem conseguir cumprir uma ordem do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a devolução dos bens apreendidos em uma operação que mirou aliados do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), por suspeitas de desvios de verbas do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE). Os bens incluem uma quantia de R$ 4 milhões.

Os milhões pertencem ao policial civil e empresário Murilo Sergio Jucá Nogueira Junior, segundo a colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo. O montante foi encontrado no cofre de uma propriedade do investigado, durante diligências da Operação Hefesto, deflagrada em junho de 2023.

Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF
Ministro Gilmar Mendes

A prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelou que Murilo Sergio doou R$ 4 mil para Arthur Lira nas eleições de 2022 e recebeu o mesmo valor por ceder uma picape Toyota Hilux para a campanha do deputado.

Murilo foi investigado por suspeita de participação em esquema de direcionamento de licitações para a Megalic, empresa de outro aliado de Lira, que teria desviado R$ 8,1 milhões do FNDE durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

As investigações, contudo, foram interrompidas após o ministro Gilmar Mendes determinar a anulação das provas e o arquivamento do inquérito.

Os R$ 4 milhões estão depositados em uma conta judicial desde setembro do ano passado e até agora não apareceu ninguém para reivindicá-lo. Isso levanta a suspeita de que o proprietário do dinheiro não tenha como comprovar a origem do valor milionário.