O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), se tornou réu na Justiça após a Corte Especial do STJ (Superior Tribunal de Justiça) aceitar denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria Geral da República) nesta quarta-feira (15). Cameli será julgado por crimes como organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro e fraude a licitação. A investigação, realizada pela operação Ptolomeu, aponta que o governador seria o líder de uma suposta organização criminosa.
A denúncia envolve irregularidades na contratação da empresa Murano Construções LTDA, que teria recebido R$ 18 milhões dos cofres públicos para a realização de obras de engenharia viária e de edificação. Além de Cameli, a mulher e dois irmãos dele, empresários, funcionários públicos e pessoas que teriam atuado como “laranjas” no esquema, também foram denunciados. A investigação identificou que a empresa tem um irmão do governador, Gledson Cameli, como sócio.
A PGR declarou que os crimes foram cometidos em um contrato firmado pelo Governo do Acre com a Murano. A denúncia indica que 64,4% do total pago pelo Estado do Acre à Murano decorreu da suposta execução de obras viárias, as quais eram previstas no contrato. Foram identificados outros oito contratos com “ilegalidades” e a estimativa total de prejuízos aos cofres públicos pode chegar a R$ 150 milhões.
A denúncia da PGR também traz análises técnicas que demonstram que os contratos teriam sobrepreço de R$ 8,8 milhões e superfaturamento de R$ 2,9 milhões nos serviços contratados pelo Estado do Acre com a Murano. A denúncia ainda indica que 65% do superfaturamento e sobrepreço seriam para repasses feitos ao governador do Acre, o irmão dele e outros envolvidos no suposto esquema.
Durante o julgamento da denúncia, a defesa de Cameli afirmou que ele é alvo de perseguição por parte da PF. Em nota, o governador acreano disse que foi “a primeira vez” em que ele foi “oficialmente ouvido”. “A Justiça cumpriu o seu papel, e agora terei a oportunidade de me defender e provar minha inocência e idoneidade”, afirmou.