O estado de Santa Catarina possui uma lista de candidatos catarinenses ao posto de santo da Igreja Católica, seja por uma vida santa ou uma morte heroica, podendo ser considerado uma "terra santa" .

Albertina Berkenbrock, que foi nomeada beata pelo papa Bento XVI , em 2007, é a catarinense que está mais próxima de se tornar santa. Ela nasceu em 11 de abril de 1919 no bairro São Luís, em Imaruí. A beata cresceu em família católica e foi a segunda filha de uma família de nove filhos.

Foto: Reprodução/Instagram
Marcelo Câmara e Albertina Berkenbrock

Albertina morreu aos 12 anos por um homem que tentou estuprá-la. “Ela lutou para defender sua pureza e não ofender ao seu amado Jesus. Durante o assédio, dizia-lhe, insistentemente: ‘É pecado! Deus não quer’. Foi morta barbaramente, degolada, no grotão onde hoje está erguida a Gruta do Martírio. Era o dia 15 de junho de 1931”, contou o padre Auricélio Costa, reitor do Santuário Diocesano Bem-Aventurada Albertina Berkenbrock.

Um exame confirmou que a violência sexual não havia acontecido. No mesmo dia de sua morte, Albertina foi popularmente proclamada mártir porque todos os que a conheciam podiam testemunhar a sua educação cristã, bom comportamento, piedade e caridade.

“Albertina, portanto, para nós, é um sinal do amor de Deus e um presente especial para todos nós. Embora jovenzinha, ela tinha uma grande maturidade de fé, o coração aberto para as coisas de Deus e voltado para o bem das pessoas”, disse o sacerdote Auricélio Costa.

Os restos mortais da beata estão no Santuário Bem-Aventurada Albertina, em Imaruí. “Para que Albertina seja declarada, oficialmente, santa pela Igreja Católica, falta a comprovação de um milagre por intercessão da beata. A Postulação da Causa de Canonização de Albertina tem recolhido vários casos ditos ‘milagres’ e encaminhado para a análise cuidadosa do Vaticano. Acreditamos que ela é santa e que, logo, a igreja confirmará isso", explicou Costa.

“Albertina – A história da menina que tocou o céu e o coração de todo um país”, é um filme que conta a história da beata. Ele pode ser assistido nas plataformas Lumine, Amazon Prime e Loocke.

Padre Aloísio Sebastião Boeing

Nascido em Vargem do Cedro (SC), em 24 de dezembro de 1913, Aloísio Sebastião Boeing foi declarado venerável pelo papa Francisco , ou seja, foi reconhecido pelas virtudes heroicas no início de 2023. Boeing entrou para o Seminário Menor Dehoniano em Brusque (SC) e foi ordenado sacerdote em Taubaté (SP).

No ano de 1954, o catarinense iniciou a construção do Noviciado de Nossa Senhora de Fátima em Jaraguá do Sul (SC), fundando a Fraternidade Mariana do Coração de Jesus. O desejo do sacerdote era que as mulheres vivessem o carisma dehoniano.

“Ele tinha também o dom da cura e profícua vida espiritual, marcada pela adoração eucarística. Morreu em Jaraguá do Sul, onde viveu várias décadas, no dia 17 de abril de 2006. Está sepultado no jardim da Matriz, no bairro Nereu Ramos, onde os fiéis se concentram todo dia 17 para celebrar sua fé”, recordou o padre Auricélio Costa.

Marcelo Câmara

Outro nome catarinense que poderá se tornar santo é Marcelo Câmara, advogado e promotor de Justiça que tocou muitas pessoas pelo testemunho de vida na luta contra o câncer. Ele nasceu em Florianópolis, em 1979, e ingressou na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 1997 no curso de Direito.

Em 2004, Câmara recebeu um diagnóstico de linfoma linfoblástico (Linfoma não-Hodgkin). “Quando eu conheci o Marcelo, ele estava em um tratamento para a cura de um câncer. O que chamava atenção é que ele era uma pessoa muito alegre, só que a doença não o abatia, não ficava desanimado. Sempre com um sorriso muito característico. Claro que ele sofreu bastante, mas ele não demonstrava”, afirmou o padre Flávio Sampaio de Paiva, diretor espiritual de Câmara durante dois anos.

Câmara morreu aos 28 anos, no dia 21 de março de 2008, quatro anos depois de descobrir a doença. Na época, quase 2 mil pessoas compareceram ao velório e sepultamento do jovem. “Ele tinha um amor a Jesus Cristo muito grande, principalmente, pela eucaristia e uma vida de oração muito intensa. A fé do Marcelo não era só amar a Cristo, mas imitar a Cristo. De tal forma que ele perdeu a vergonha de ser como Cristo e com muita naturalidade”, ressaltou o sacerdote.

De acordo com o padre, as pessoas contam que nunca ouviram o jovem falar mal de alguém. “Ele era incapaz de falar mal de alguém. É uma coisa chamativa”, declarou Flávio Sampaio.

Por conta da fama de santidade, em 2020 foi aberto o processo de beatificação de Marcelo Câmara. Recentemente, uma série de entrevistas com pessoas próximas do candidato foi feita e, no próximo dia 6 de abril, está prevista a conclusão da parte diocesana do processo. Os materiais sobre a biografia, virtudes e entrevistas serão entregues a Roma para serem estudados. Após esse processo, o papa Francisco pode considerá-lo como venerável.

O corpo de Câmara está enterrado no Santuário Sagrado Coração de Jesus, em Florianópolis. No local, também foi feito um espaço de memorial com objetos pessoais do jovem.

Maria Amida Kammers

Com uma história semelhante à da menina Albertina Berkenbrock, Maria Amida Kammers nasceu em São Pedro de Alcântara (SC), em 1941, e foi educada nos princípios cristãos. Aos 20 anos, teve a casa invadida e, por resistir a uma tentativa de estupro, foi morta.

Em 2016, a Arquidiocese de Florianópolis aprovou a oração oficial pedindo a graça da intercessão de Maria Amida. No túmulo dela, em Rancho Queimado (SC), há várias placas escritas “graça alcançada” por intercessão da catarinense.

Entenda o processo de canonização

O primeiro passo no processo de canonização é a análise das virtudes ou martírio com uma averiguação detalhada da morte do candidato.

O segundo passo é o milagre de beatificação. Para se tornar um beato, é preciso a comprovação de um milagre que aconteceu pela intercessão do candidato. Caso seja mártir, não precisa a comprovação do milagre.

A última etapa é o milagre para a canonização. É necessário mais um milagre para que o beato se torne um novo santo da igreja.