Durante evento na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, o presidente Lula (PT) falou a uma jovem negra que “afrodescendente gosta do batuque de um tambor”. A declaração aconteceu nessa sexta-feira (02), no ABC Paulista.
A jovem Luiza Eduarda Leôncio, de 20 anos, que subiu ao palco e ficou do lado do presidente, havia ganhado um prêmio por desempenho na empresa, mas Lula a confundiu com uma cantora, percussionista ou “namorada de alguém”.
“Essa menina bonita que está aqui. Eu estava perguntando: o que faz essa moça sentada, que eu não ouvi ninguém falar o nome dela? Eu falei: ‘Ela é cantora, vai’. Não, não vai cantar. Perguntei. ‘Não, não vai ter música’. Então ela vai batucar alguma coisa. Porque uma afrodescendente assim gosta de um batuque de um tambor. Também não é. Eu fale: ‘Nossa, então ela é namorada de alguém’. Também não é”, pronunciou o presidente.
Contrariando todas as suposições de Lula, Luiza Eduarda Leôncio é operadora especialista da fábrica da Volkswagen, e foi premiada como a melhor aluna aprendiz da companhia do ano passado, e ganhou uma viagem para a Alemanha.
Não bastassem as comparações, o presidente ainda chegou a insinuar um namoro com a jovem. “Eu citei ela porque eu vi ela sentada ali, eu pensei: será que ela quer namorar comigo? Ela não quer porque tem coisa melhor no mercado, e não quer porque eu já tenho a Janja também, e a Janja ia ficar brava com você”, continuou Lula.
Com a repercussão, internautas começaram a apontar racismo na fala de Lula, o que foi reforçado pelo doutor em Direito e consultor jurídico do Livres, Irapuã Santana. “Imagina quando o presidente descobrir que temos mais de 100 milhões de pessoas negras, que vivem das mais variadas maneiras, com diversas visões de mundo e que estereotipar toda essa população dessa maneira é uma forma de racismo”, afirmou o doutor em publicação no X, antigo Twitter.