Maranhão, embora tenha registrado um dos maiores avanços na ampliação dos serviços de coleta de lixo na última década, ainda enfrenta desafios significativos, conforme revela uma pesquisa baseada nos dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ). Apesar de ter elevado sua cobertura de 53,5% para 69,8%, o estado mantém a pior proporção nacional de cobertura na coleta de resíduos sólidos.

De acordo com Jaime Oliveira, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, o descarte inadequado de lixo pode desencadear problemas sérios de saúde pública, assemelhando-se, em muitos casos, a verdadeiros "lixões dentro de casa", como destacou em entrevista à Folha de S.Paulo.

Os investimentos recentes no Maranhão, incluindo a construção de uma central de tratamento de resíduos e a implementação de um plano de gestão de resíduos, contribuíram para a melhoria dos indicadores de coleta de lixo. Entretanto, ainda persiste o desafio de universalizar a construção de aterros sanitários e garantir a cobertura de coleta em todos os municípios maranhenses.

A pesquisa também apresenta um panorama nacional: 90% das residências no Brasil agora têm acesso direto ou indireto à coleta de lixo, representando um aumento de 5,1% em relação ao censo anterior, em 2010. Contudo, há uma disparidade significativa entre as regiões brasileiras, com o Sudeste liderando com a maior proporção da população atendida pela coleta de lixo, alcançando 96,9%.

Quanto aos efeitos do descarte irregular de resíduos, a contaminação do solo e dos corpos d'água subterrâneos é um problema grave, podendo afetar rios e poços usados para o abastecimento de água. Esses impactos são particularmente preocupantes em cidades menores, com menos de 5 mil habitantes, onde apenas 78,9% dos moradores são atendidos com coleta de lixo. Em todo o Brasil, 455 municípios com baixa densidade populacional têm menos da metade dos moradores cobertos pelo serviço de coleta de resíduos.