O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem enfrentado críticas crescentes desde o início de sua gestão, particularmente de aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Recentes episódios de violência policial intensificaram as pressões, levando a acusações de uma "crise na segurança" no estado. Em resposta, o governador anunciou mudanças na política de câmeras corporais para a Polícia Militar, mas a controvérsia não diminuiu, culminando em uma decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, que obrigou o uso imediato do equipamento.

A crise se aprofundou com cobranças pela saída do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL), enquanto as críticas apontam para abusos por parte da PM. Tarcísio admitiu publicamente ter subestimado a importância das câmeras corporais, reconhecendo que elas são uma ferramenta de proteção para a sociedade e para os próprios agentes. Apesar do compromisso de adotar a tecnologia, a medida foi judicializada, com decisões do STF ampliando o monitoramento da política de segurança pública no estado.

Derrite, que permaneceu no cargo com o apoio de Tarcísio, apresentou um pacote legislativo com propostas para endurecer as regras contra organizações criminosas. Entre as medidas sugeridas estão a classificação de grupos como terroristas e a restrição à progressão de penas. Em paralelo, o governo estadual destaca a queda nos índices de criminalidade, como homicídios e letalidade policial, enquanto enfrenta críticas sobre a condução das políticas de segurança.

Outro foco de polêmica envolve a privatização de serviços funerários na capital paulista, que levou o ministro Flávio Dino a intervir, determinando a redução das tarifas ao patamar anterior à concessão. A Prefeitura de São Paulo argumenta que a decisão prejudica a população ao eliminar benefícios sociais, como descontos em funerais, enquanto o caso alimenta debates sobre ingerências judiciais em processos de privatização conduzidos pelo governo estadual.

No campo educacional, a implementação de escolas cívico-militares, sancionada por Tarcísio, também gerou debates. Após ser suspensa pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, a medida foi liberada pelo STF em decisão do ministro Gilmar Mendes. Mesmo com a decisão favorável, o governo estadual decidiu adiar o programa para realizar consultas públicas em 2025, enfrentando resistência de sindicatos e partidos de oposição, que questionam a constitucionalidade e eficácia do modelo.

Analistas políticos avaliam que as recentes crises testaram a capacidade de liderança de Tarcísio, que tenta equilibrar seu apoio entre a direita conservadora e o centro político. Apesar de seu nome ser considerado forte para a corrida presidencial de 2026, há especulações de que o governador priorize sua reeleição em São Paulo, enquanto outros nomes da direita, como Ronaldo Caiado (União Brasil), se movimentam para ocupar o espaço na disputa nacional.