José Seripieri Júnior , conhecido como Júnior, adquiriu a Amil, a terceira maior operadora de planos de saúde do Brasil, por um valor recorde de R$ 11 bilhões. A transação envolveu um pagamento líquido de R$ 2 bilhões e a assunção de dívidas de R$ 9 bilhões. A compra marca o retorno de Júnior ao mundo dos negócios após um período marcado por acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.

Júnior começou sua carreira como sacoleiro e feirante, mas logo se tornou uma figura proeminente no setor de saúde. Ele é o fundador da Qualicorp, uma empresa que administra planos de saúde coletivos por adesão voltados a entidades profissionais, um modelo de negócio que ele praticamente criou no Brasil no final dos anos 1990.

No entanto, sua carreira foi marcada por controvérsias. Em 2020, Júnior foi preso pela Operação Lava Jato por supostamente fazer doações não contabilizadas de R$ 5 milhões à campanha de José Serra ao Senado em 2014. Ele foi acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e caixa dois.

Ainda em 2020, Júnior fez um acordo de delação com o Supremo Tribunal Federal (STF), que foi homologado pelo ministro Luís Roberto Barroso. O acordo previa o pagamento de R$ 200 milhões como ressarcimento aos cofres públicos. Os detalhes do acordo permanecem em sigilo, embora tenham vazado informações de que implicariam políticos de peso como Renan Calheiros e Romero Jucá.

Júnior também é conhecido por sua amizade com o presidente Lula . Ele visitou Lula várias vezes quando este estava preso e ambos frequentemente se encontram na casa de veraneio de Júnior em Angra dos Reis. Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin, José Serra e Fernando Haddad estiveram presentes no casamento de Júnior em 2014. Atualmente, Júnior faz parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Lula, o chamado Conselhão.

Seripieri fez manchetes recentemente com uma jogada empresarial ousada. Ele se comprometeu a pagar à United Health Group (UHG), uma empresa americana, a quantia recorde de R$ 11 bilhões pela compra da Amil, a terceira maior operadora de planos de saúde no Brasil. A transação incluiu um pagamento líquido de R$ 2 bilhões e a assunção de dívidas no valor de R$ 9 bilhões.

Júnior, que vem de uma família de classe média, fez fortuna vendendo planos de saúde para membros de entidades de classe, como Crea e OAB. Sua carreira decolou após a falência da Golden Cross, onde trabalhava como vendedor nos anos 1990. Antes disso, na infância e adolescência, ele trabalhou como feirante e sacoleiro, buscando bugigangas no Paraguai. A experiência no “comércio internacional” acabou por sepultar seu sonho de se tornar médico, após reprovação em vestibulares.

Desde aquela época, ter boas relações tem sido fundamental para Júnior. Ele é filho de um delegado de polícia, e o primeiro grande cliente dos planos de saúde coletivos por adesão da Qualicorp foi a Associação de Delegados de Polícia de São Paulo, talvez uma coincidência.

Após vencer a concorrência para comprar a Amil, Júnior agradeceu ao presidente Lula, a quem classificou como “meu eterno inspirador”. Quando questionado se o presidente teria ajudado no negócio, Júnior afirmou que a contribuição de Lula foi apenas com “inspiração e resiliência”.