A árvore genealógica do ministro da Justiça, Flávio Dino , indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), possui raízes fincadas no poder desde a época do Brasil Império. Seu tetravô, Francisco Manuel Antônio Monteiro Tapajós, conhecido como o “Herói de Tapajós”, sufocou militarmente, a pedido de Dom Pedro II, a Cabanagem, revolta popular protagonizada por indígenas e negros na região do Grão-Pará (Pará, Amazonas, Amapás, Roraima e Rondônia). Com a conquista, a família passou a ser proprietário de terras.
O levantamento da linhagem do ministro foi feito em uma dissertação de mestrado em Ciências Sociais, apresentada na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em 2007. “A Tradição Engajada: origens, redes e recursos eleitorais no percurso de um agente”, do advogado José Barros Filho, mostra que o avô de Flávio Dino, Nicolau Dino, era um estudioso, patrono da cadeira de número 49 da Academia Maranhense de Letras Jurídicas (AMLJ), atualmente ocupada por Dino, e também foi desembargador, em uma época onde os cargos no Judiciário se davam por indicação.
Descendente de cinco gerações de pessoas na política e na Justiça, o pai do ministro da Justiça, Sálvio Dino, traçou uma inclinação para a esquerda, que foi seguida pelo filho. Ele foi deputado estadual no Maranhão pelo Partido Democrata Cristão (PDC) e teve os direitos políticos cassados após o golpe militar, sendo acusado de comunismo. Ele somente voltou à cena política após a eleição de José Sarney (MDB), em 1966.
Isso mostra que, mesmo que atualmente se veja uma imagem de ideais de esquerda, Dino pertence a uma família tradicional dominante, marcada por privilégios. Contrastando com pedidos da militância ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, por algum tempo, clamou pela indicação de uma mulher à cadeira do STF, que atualmente conta com apenas uma representante do gênero feminino: a ministra Carmen Lúcia.