Um estudo publicado este ano, conduzido por pesquisadores de diversas universidades brasileiras, incluindo a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba, a CEUMA, o UNINTA e a UNINOVAFAPI, revelou os efeitos nocivos da exposição à luz azul emitida por dispositivos eletrônicos, como celulares e tablets, na qualidade do sono infantil. A luz azul suprime a produção de melatonina, o hormônio responsável pela regulação do sono, levando à fragmentação do descanso e à sua menor duração.
A revisão bibliográfica intitulada “Impacto da exposição à luz azul na qualidade do sono em crianças” examinou estudos publicados entre 2009 e 2024, analisando 20 trabalhos detalhadamente. Os pesquisadores identificaram que a deficiência de melatonina, induzida pela exposição prolongada às telas, afeta negativamente o desenvolvimento cognitivo, emocional e comportamental das crianças. Além disso, a redução da qualidade do sono pode aumentar os riscos de problemas de saúde mental a longo prazo, impactando o desempenho escolar e a saúde emocional.
Especialistas em saúde alertam para os riscos adicionais
Remédios Barreto, especialista em saúde mental e psicopedagoga do Centro Integrado de Reabilitação (CEIR), destacou que, além dos efeitos no sono, o uso excessivo de dispositivos eletrônicos, especialmente quando próximos ao rosto, pode aumentar a incidência de problemas visuais, como miopia e estrabismo. "Existem outros estudos que indicam a relação entre a exposição excessiva às telas e o aumento de problemas visuais nas crianças", afirmou.
Barreto também sugeriu alternativas para substituir o tempo de tela por atividades mais saudáveis, como leitura, jogos de tabuleiro, quebra-cabeças e artes manuais, que proporcionam diversão, interação familiar e estimulam o desenvolvimento cognitivo. Ela ressaltou ainda a importância de incluir exercícios ao ar livre e esportes na rotina das crianças, combatendo o sedentarismo e promovendo um equilíbrio mais saudável.
Necessidade de regulamentação e diretrizes
Os autores do estudo destacam a necessidade urgente de mais pesquisas sobre os impactos de longo prazo da exposição à luz azul na infância. Eles sugerem a criação de políticas públicas para regulamentar o uso de dispositivos eletrônicos por crianças, a fim de garantir um sono saudável e evitar prejuízos ao desenvolvimento infantil.
Os resultados da pesquisa reforçam a importância de promover hábitos saudáveis e controlar o tempo que as crianças passam em frente às telas, visando preservar tanto a saúde física quanto mental.
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