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Saúde

Obesidade animal pode levar à morte e ser imperceptível para os tutores

Especialistas esclarecem o assunto e ensinam a identificar e reverter a situação.

O tratamento especial com os animais domésticos reforça seus lugares como membros das famílias. E, embora a preocupação com a saúde e bem-estar deles se sobressaia, ainda há negligência dos tutores quando o assunto é sobrepeso ou obesidade. Segundo a médica veterinária Letícia Valente, que atua com medicina integrativa, incluindo nutrição, na clínica Pets + Vida, é comum animais nessas condições irem à consulta por outro motivo, quando, então, são diagnosticados com excesso de peso, fator nunca observado em casa.

Conforme alerta a Hill's Pet Nutrition, com base em um estudo publicado em 2020, na revista científica Nature Research, o índice de obesidade animal é alto no Brasil. Só em São Paulo, quase 41% dos cães sofrem de sobrepeso e obesidade.


A obesidade animal é semelhante à condição nos seres humanos, considerada 15% acima do peso ideal, conforme o tamanho e a idade. O diagnóstico requer avaliação veterinária, entretanto, os próprios tutores podem identificá-la. Para isso, Letícia explica que “ao visualizar o animal de cima, é preciso notar sua cintura” e ao tocá-lo, sentir sua costela.

“A partir do momento em que precisamos apertar um pouco mais a região da costela para senti-lá, isso quer dizer que o animal está com uma camada de gordura a mais ali”, destaca a veterinária. Contudo, isso não significa que os ossos devem estar aparentes.

Tanto a obesidade quanto o sobrepeso são prejudiciais. A diferença entre essas condições, conforme a especialista, é a proporção. “O animal que está com sobrepeso tem a mesma consequência, porém começa um pouco mais devagar a progressão de doenças”, informa.

As consequências na saúde incluem inflamação no corpo, potencializando problemas articulares e dores (principalmente nos mais velhos), problemas respiratórios e intestinais, dificuldade de locomoção e desenvolvimento de uma série de doenças, como diabetes, câncer, baixa imunidade e até redução da qualidade de vida e da expectativa de vida (cerca de 2 anos).

Nos gatos, pode resultar, inclusive, em feridas e descamação na pele. “Eles costumam se lamber por natureza, para se limpar, mas quando estão obesos podem ter dificuldade para isso, pois não conseguem mais atingir determinadas áreas do corpo, o que pode ocasionar em problemas dermatológicos”, pondera a veterinária.

Como tratar

Algumas raças de cães têm maior predisposição ao sobrepeso, entre elas: pug, dachshund (“salsicha”), beagle, basset, cocker, labrador e golden retriever. Além disso, outros fatores que ascendem essa expectativa são: castração, idade, sedentarismo, alimentação livre e em excesso e problemas hormonais.

Conforme Letícia, a reversão do quadro depende da causa. Portanto, é necessário atenção ao hormonal, com acompanhamento com um veterinário endocrinologista, além do manejo nutricional. Assim, para animais que se alimentam de ração, é imprescindível a troca para uma opção própria para obesidade, a fim de proporcionar um emagrecimento saudável, sem deficiência nutricional.

Para evitar dúvida entre as opções, Brana Bonder, médica veterinária e supervisora de assuntos veterinários da Hill's Pet Nutrition, esclarece que ração light se difere de uma ração para obesidade. A primeira, é indicada para controle de peso e pacientes que apresentam sobrepeso em menor grau, enquanto a segunda favorece a eliminação de calorias.

“O alimento com foco em obesidade traz maior saciedade, pois tem um teor de fibras maior e menor teor de gordura, já que a restrição de calorias é a estratégia primária para a perda de peso. Além disso, o alimento de obesidade contém nutracêuticos em teores otimizados para aumentar a queima de gordura, como a L-carnitina, e um teor de proteínas maior para evitar a perda de massa muscular”, explica Brana.

Embora a ração seja uma boa (e saudável) alternativa, Letícia defende a alimentação natural como "melhor resposta para perda de peso". No entanto, essa opção requer ainda mais atenção, pois demanda a devida indicação de quantidade e alimentos específicos para as necessidades individuais do animal. Portanto, é imprescindível o acompanhamento com um médico veterinário habilitado em nutrição ou um zootecnista.

Por fim, a especialista destaca a importância de estimular brincadeiras (principalmente com gatos) e praticar exercícios físicos diários (gradualmente e, se necessário, com acompanhamento fisioterapêutico). “Para tutores que não têm tempo, uma alternativa é contratar um passeador ou colocar na creche”, sugere Letícia.

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