Os Estados Unidos e a Europa estão intensificando a estratégia de vacinação para conter surtos de varíola dos macacos. Nesta quarta-feira, 29, a Organização Mundial da Saúde (OMS) manifestou preocupação de que o vírus atinja pessoas de alto risco, como grávidas e crianças. No Brasil, o Ministério da Saúde informou que articula com a OMS as tratativas para aquisição do imunizante.
O vírus já foi identificado em mais de 50 países fora da África, onde é endêmico. Em todo o mundo, os casos passam de 3.100. No Brasil, há 21 confirmações e outros 23 casos em investigação.
Em resposta a um surto crescente, as autoridades de saúde dos Estados Unidos expandiram na terça-feira o grupo de pessoas que devem se vacinar. O país prevê fornecer mais vacina contra a varíola, trabalhar para expandir os testes e adotar outras medidas para tentar se antecipar ao surto.
"Continuaremos a tomar medidas agressivas contra esse vírus", disse o coordenador de resposta à covid-19 da Casa Branca, Ashish Jha, que também tem lidado com a resposta norte-americana à varíola.
O governo amerciano afirmou que está expandindo o grupo de pessoas com recomendação para se vacinar a fim de incluir aqueles que percebem por conta própria que podem ter sido infectados. Isso inclui homens que fizeram sexo recentemente com homens em cidades onde casos de varíola dos macacos foram identificados.
O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos fornecerá 56 mil doses de uma nova vacina, a Jynneos, imediatamente. Mais 240 mil doses devem chegar nas próximas semanas. A distribuição será feita conforme o número de casos da doença e o tamanho da população de cada Estado.
Os Estados Unidos esperam que outras 750 mil doses estejam disponíveis durante o verão local e um total de 1,6 milhão de doses até o fim do ano. Até terça, os EUA já haviam identificado 306 casos em 27 Estados e no distrito de Columbia. Não houve mortes.
Já a União Europeia fez na terça-feira uma primeira entrega de 5,3 mil doses de vacinas contra a varíola dos macacos à Espanha, em virtude do contrato firmado em nome dos Estados europeus para receber 110 mil doses.
"A partir de hoje (terça), as primeiras entregas de vacinas em resposta à epidemia estão chegando aos países mais afetados", destacou em um comunicado a comissária europeia de Saúde, Stella Kyriakides. As próximas entregas serão para Portugal, Alemanha e Bélgica.
O contrato para envio das vacinas na Europa foi fechado com o laboratório dinamarquês Bavarian Nordic, o único a fabricar uma vacina aprovada especificamente contra esta doença.
Na semana passada, a Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido (UKHSA, na sigla em inglês) recomendou vacinar homens gays e bissexuais para tentar controlar o surto de varíola dos macacos.
A agência britânica destaca que qualquer pessoa pode contrair a doença, mas dados mostram níveis mais altos de transmissão dentro “das redes sexuais de homens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens”.
Brasil
No Brasil, o Ministério da Saúde informou que articula com a OMS as tratativas para aquisição da vacina contra a varíola dos macacos. Conforme a pasta, a OMS coordena de forma global o acesso ao imunizante nos países com casos confirmados da doença.
O Ministério da Saúde lembrou ainda que a vacinação universal não é preconizada pela OMS em países não endêmicos da doença, como o Brasil. "A recomendação da vacinação, até o momento, é somente para contatos com casos suspeitos e profissionais de saúde com alto risco ocupacional ao vírus", informou a pasta.
Entre os casos confirmados no País, 14 foram no Estado de São Paulo, cinco no Rio e dois no Rio Grande do Sul.
Já os casos em investigação estão distribuídos da seguinte forma: Ceará (4), Rio Grande do Sul (2), Paraná (3), Santa Catarina (2), Espírito Santo (1), Acre (2), Rio Grande do Norte (1), Minas Gerais (2), Goiás (1), Distrito Federal (1), Mato Grosso do Sul (1) e Rio de Janeiro (3).
Surgimento dos casos
O primeiro caso europeu foi confirmado em 7 de maio em um indivíduo que retornou à Inglaterra da Nigéria, onde a varíola dos macacos é endêmica. Desde então, países da Europa, assim como Estados Unidos, Canadá e Austrália, confirmaram casos.
Transmissão
Identificada pela primeira vez em macacos, a doença viral geralmente se espalha por contato próximo e ocorre principalmente na África Ocidental e Central. Raramente se espalhou para outros lugares, então essa nova onda de casos fora do continente causa preocupação. Existem duas cepas principais: a cepa do Congo, que é mais grave, com até 10% de mortalidade, e a cepa da África Ocidental, que tem uma taxa de mortalidade de cerca de 1%.
O vírus pode ser transmitido por meio do contato com lesões na pele e gotículas de uma pessoa contaminada, bem como através de objetos compartilhados, como roupas de cama e toalhas. O período de incubação da varíola dos macacos é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias.
Sintomas
Os sintomas se assemelham, em menor grau, aos observados no passado em indivíduos com varíola: febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas durante os primeiros cinco dias. Erupções cutâneas (na face, palmas das mãos, solas dos pés), lesões, pústulas e, ao final, crostas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os sintomas da doença duram de 14 a 21 dias.
Prevenção
De acordo com o Instituto Butantan, entre as medidas de proteção, autoridades orientam que viajantes e residentes de países endêmicos evitem o contato com animais doentes (vivos ou mortos) que possam abrigar o vírus da varíola dos macacos (roedores, marsupiais e primatas) e devem se abster de comer ou manusear caça selvagem.
Higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel são importantes ferramentas para evitar a exposição ao vírus, além do contato com pessoas infectadas.
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