As enchentes entre abril e maio no Rio Grande do Sul causaram grandes prejuízos ao setor literário , afetando pelo menos 25 editoras e resultando na perda de cerca de 50 mil exemplares, conforme afirmou o Clube dos Editores do RS .
João Xavier , presidente da entidade, destaca a perda histórica e sentimental, incluindo fotos, contratos e primeiras edições. "É uma perda da história dessas empresas, de fotos antigas, contratos, primeiras edições dos livros que foram produzidos ao longo dos anos. Tudo perdido", afirmou.
Em Porto Alegre , duas editoras perderam aproximadamente 25 mil livros. A maioria das editoras no estado são independentes e dependem das vendas diárias, que foram interrompidas pela inundação, fechamento de livrarias e paralisação dos serviços de transporte. A situação é agravada pela umidade que danificou muitos exemplares não diretamente atingidos pela água.
"Com as livrarias fechadas, sem as transportadoras e os Correios, ficou muito difícil. Os livros que não tinham molhado, umedeceram. Teve editoras que não tiveram seu estoque molhado, mas que tinham livros em livrarias e distribuidoras que foram invadidas pela água e, inclusive, gráficas foram alagadas", relatou Xavier.
Além das editoras, 23 bibliotecas públicas sofreram danos, incluindo a Biblioteca Municipal Josué Guimarães, que perdeu 200 livros devido à inundação do subsolo, embora seu acervo principal tenha sido preservado.
A editora L&PM , com 50 anos de história, perdeu 10 mil exemplares em seu depósito inundado em Porto Alegre. O prejuízo financeiro não foi divulgado pela empresa. Já a editora Libretos , perdeu 12 mil dos 15 mil livros armazenados, com prejuízos estimados em R$ 300 mil.
Campanha
Para apoiar a recuperação do setor, será realizada a Feira do Livro Reconstrói RS de 14 a 16 de junho no Instituto Ling, em Porto Alegre. O evento visa incentivar a compra direta de livros de editoras, autores e livreiros locais afetados pelas enchentes, além de oferecer oficinas e atividades culturais.
Atual situação no RS
O Rio Grande do Sul já registrou 171 mortes em razão dos temporais e cheias. A Defesa Civil ainda contabiliza 43 pessoas desaparecidas.